JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.
"Paga a injúria com indiferença e o benefício com a gratidão e serás justo".
Tema 221
1976 - 3329
A partir da Atlântida, surgiram correntes migratórias em três direções distintas às quais, de certa maneira, a nossa civilização atual está historicamente relacionada. Evidentemente num passado bem mais distante aquele povo manteve relações com alguns núcleos sociais, como aquele que ocupava a região da Grécia, porém numa época anterior àquela historicamente reconhecida. Reforça esta assertiva aquilo que o Sacerdote de Saís disse a Sólon, citado por Platão, que a Grécia era muito mais antiga do que se afirmava, pois que, numa época já esquecida, houve uma guerra entre ela e a Atlântida.
Ante a iminente catástrofe, grupos de atlantas emigraram, e, de um modo geral, seguiram em três direções: Norte da África, América do Norte e Sudeste da Europa. Ali estabeleceram três civilizações historicamente reconhecidas: Egípcia (África), Maia (América) e Celta (Europa).
Historicamente pouco é sabido sobre as atividades daqueles emigrantes nos primeiros séculos após a destruição da Atlântida, pois tudo o que restou de várias destruições de documentos foi apenas uma fração mínima zelosamente guardada pelas Sociedades Iniciáticas. Praticamente quase nada restou dos documentos da civilização de Yucatã e Celta. Para a satisfação nossa um pouco sobrou da egípcia. Praticamente todos os registros dos Celtas e dos Maias foram destruídos.
Atualmente tudo o que oficialmente se sabe da história passada chegou até a nossa época porque todas as religiões predominantes no ocidente procedem do Oriente Médio, exatamente onde conhecimentos básicos foram oriundos das Escolas Iniciáticas do Egito, que controlavam o conhecimento técnico e histórico.
Não se sabe bem o que aconteceu no seio dos Celtas e dos Maias, com referência à existência ou não de uma “conjura” contra o saber, tal como existiu no Antigo Egito. Não se sabe oficialmente se, tal como aconteceu no Egito, naqueles dois outros núcleos também ocorreu uma divisão dos sábios em dois grupos distintos: Pró e Contra a generalização do conhecimento.
No Egito, já na Primeira Dinastia, havia uma nítida divisão política ligada ao saber. De um lado os que permitiam o saber controlado pelas Escolas Iniciáticas, e por outro lado os obscurantistas, que tentavam vetar o conhecimento, seja de que natureza fosse. Desta forma desde o seu início a civilização histórica do Egito já estava dividida em seu começo. Historicamente não se sabe se o mesmo ocorreu na civilizações Maia e Celta. Pela história sabe-se que estas últimas, se comparadas com os cinco mil anos de duração da egípcia, logo degeneraram.
A civilização Maia ainda realizou algumas obras de grande vulto, porém a “conjura” que lá também foi estabelecida conseguiu um sucesso total, e as civilizações seguintes caminharam no sentido inverso do progresso técnico.
A ação da “conjura” junto aos Celtas foi bem mais eficiente, pois nem as menores obras foram realizadas.
Somente no Egito os imigrados da Atlântida, de certa forma, puderam dar continuidade ao sistema de vida da primeira fase social daquele Continente desaparecido.
Durante uma fase muito longa da Atlântida houve uma estabilidade admirável graças a um sistema social baseado na experiência colhida de uma outra grande civilização ainda mais antiga, existente num outro continente também submerso, atualmente conhecido como MU (= Lemúria) situado no Oceano Pacífico.
É possível chegar-se a conclusões sobre o sistema social e político da Atlântida sem que se tenha de recorrer aos registros transcendentais, pois existem alguns documentos guardados por fraternidades secretas. Por tais informações se pode concluir que, durante muitos séculos, houve uma harmonia de vida ideal na Atlântida.
Na Atlântida, durante milênios, houve um perfeito entrosamento entre o Saber, a Religião e o Estado. Um estadista, um sacerdote e um sábio constituíam um triângulo administrativo.
O poder político, o saber técnico, e o conhecimento religioso somente eram dados mediante um controle tríplice. Ninguém galgava altos níveis de saber sem que estivesse ligado às organizações controladoras. Somente era dado ao buscador o conhecimento conjunto: Técnico, religioso, e político. O ensino era controlado, e somente o recebiam aqueles que necessariamente haviam se tornado sábios segundo a maneira de pensar. Aqueles que demonstravam condições de usarem a ciência, a política, e o poder sacerdotal com equilíbrio e justeza. Ninguém galgava uma posição política sem que tivesse sido preparado e iniciado numa forma de sabedoria arcana.
Enquanto esse sistema funcionou houve estabilidade no continente, porém, com o decorrer dos séculos, lentamente esse sistema foi sendo modificado até que ocorreram dissenções e, vagarosa mas inexoravelmente foi surgindo uma dissensão completa entre a Religião, o Saber e o Estado. Por fim esfarelou-se a base da estabilidade daquela civilização e disto nasceram hegemonias politico-administrativas, e o saber saiu do controle dos sábios sacerdotes. Houve degeneração politico-religiosa, a ciência então cresceu como uma excrescência, de forma independente, e sob a proteção de grupos políticos rivais.
Isso acarretou o fim daquela civilização. Há sistemas que afirmam que tudo terminou numa hecatombe provocada por uma guerra cataclísmica. A ciência levou o povo a um nível capaz de provocar um holocausto, a energia VRIL foi utilizada indevidamente.
Hoje a ciência está começando a estudar os cristais e isto é a porta que leva direto à descoberta do VRIL.
Na realidade não houve uma guerra, apenas acanhadíssimas experiências técnicas de exploração do VRIL ficaram fora de controle e uma tremenda e incontrolável reação em cadeia ocasionou o maior acidente artificial de que se tem notícia na terra.
Na realidade havia entre os cientistas duas correntes, uma que pretendia fazer experiências com alguns aspectos da ENERGIA VRIL sem que se tivesse a certeza dos resultados que até mesmo poderiam ser incontroláveis. Era um campo experimental muito perigoso, por isso grande parte dos cientistas se opunham a que aquele tipo de conhecimento fosse realizado sem que antes houvesse uma boa margem de segurança. Mas um outro grupo acabou por dar prosseguimento àquele tipo de experiência e, num determinado momento, tudo saiu de controle e o resultado foi a hecatombe que submergiu o continente inteiro. Mas, mesmo que aquele incidente não houvesse ocorrido, o continente já estava condenado pela utilização irracional em muitos outros campos, motivando desequilíbrios irreversíveis na natureza ambiente.
Tendo como certo que aquela situação da Atlântida não poderia continuar, sabendo da ameaça tremenda que pairava sobre aquele continente, milhares de pessoas emigraram, juntamente com grande número de sábios nas mais diversas especialidades.
Os documentos sobre a Atlântida guardados pelas Fraternidades Iniciáticas seguidamente foram sendo destruídos. Os que sobraram são vagos quanto às causas diretas da hecatombe. Apenas eles informam quanto ao nível técnico atingido e ao abuso existente com relação a terríveis fontes de energia, e cujos informes evidenciam não se tratar da energia nuclear.
A catástrofe da Atlântida, destruindo um Continente inteiro, foi por demais chocante para todos aqueles que haviam fugido de lá. Estes sofreram um terrível traumatismo moral, mas disto não resultou uma união, pelo contrário, resultou numa divisão terrível, pois os próprios sábios, os líderes, logo se dividiram em duas frações fundamentais com pensamentos opostos.
1º – Uma corrente, que chamaremos obscurantista, que propugnava que a existência da Atlântida, e de tudo aquilo que com ela se relacionasse fosse apagada e esquecida; que nenhum resquício sobre a sua existência deveria jamais voltar a ser lembrado pelas gerações futuras, para que outra hecatombe de tamanha magnitude e crueza não viesse a ocorrer novamente. Dever-se-ia recomeçar tudo de novo de forma a evitar o sistema anterior, pelo que consideravam vital o esquecimento do passado e uma proibição absoluta de tudo aquilo que significasse técnica e conhecimento das leis da natureza, para que elas não viessem irresponsavelmente ser manipuladas em prejuízo da vida. Analisaram as causas da tragédia e acharam que o motivo básico fora a tecnologia, o conhecimento, o saber; além de certo limite ocasionaram a destruição do Continente mãe, portanto tudo aquilo que dissesse respeito ao conhecimento fora do essencial a uma vida frugal deveria inexoravelmente ser banido.
Segundo aquela linha de pensamento, as gerações futuras deveriam voltar a uma forma de vida mais simples, menos tecnológica, tanto ou quanto primitiva. Uma forma de vida mais natural, mais harmoniosa com a natureza, mais ligada aos preceitos religiosos. Para isto, criaram um termo que se perpetuou através dos séculos: “Com temor a Deus”. Todo e qualquer conhecimento além de certo nível indispensável ao essencial para a subsistência deveria ser proscrito.
Com esta ideia estabeleceram normas religiosas, as quais deveriam reger a conduta das futuras gerações.
2º – Uma outra corrente, que chamaremos Conservadora, preconizando a conservação daquela mesma orientação que durante milênios se mostrara eficiente na Atlântida, funcionando bem, e que a quebra da diretriz administrativa foi que permitiu a ciência enveredar por trilhas perigosas. O problema fora a quebra do controle entre os poderes, permitindo o funcionamento interdependente do Estado, Religião e Ciência, mas, desde que esse triângulo fosse mantido, tudo transcorreria sem problemas.
Essa linha alegava que as suas idéias eram viáveis, pois funcionara bem no início da Atlântida. Apenas deveria ser modificada de forma a tornar uma associação mais rígida do que na Atlântida, para que não viesse a ocorrer um rompimento no futuro. Seria o mesmo sistema inicial da Atlântida, porém com controle bem mais rígido.
Os do primeiro grupo (os não conservadores) contestaram, alegando a inviabilidade daquele tipo de conduta, porque a mente humana estava condicionada para descobrir coisas, para evoluir de forma egoísta e independente, e que, mais cedo ou mais tarde, o controle seria mais uma vez quebrado e tudo voltaria ao ponto anterior. A história se repetiria, portanto.
Os do segundo grupo, por sua vez, alegavam que esconder a verdade e coibir o saber também não contornaria o problema, porque a mente humana estava condicionada para descobrir coisas, para evoluir. Sendo assim o fato de ser negada a verdade, de o conhecimento ser perseguido, não resolveria nada, porque, mais cedo ou mais tarde, uma ciência nasceria, independentemente de qualquer controle.
Os conservadores queriam manter o sistema que durou séculos na Atlântida, os não conservadores se opunham a isso, dizendo que o sistema se mostrara ineficiente, desde que a ciência se libertara e o resultado fora a catástrofe. Diziam que começar com um mesmo tipo de sociedade seria o mesmo que preparar o mundo para uma nova catástrofe no futuro. Os conservadores diziam que, se não fosse o sistema que eles propunham, a Atlântida nem sequer haveria sobrexistido pela décima parte do tempo que existira. Achavam inviável conservar o povo ignorante, porque a espécie humana era dotada de um ímpeto tendente a levá-la ao progresso. Afirmavam que uma ciência controlada e bem orientada levara o homem a um ponto capaz de corrigir as suas próprias imperfeições biológicas, faria a mente humana se tornar menos egoísta, mais rica de amor à vida.
Seria fastidioso enumerar a enorme sucessão de pontos de vista das duas correntes. Basta-nos fixar a idéia da existência de que as duas linhas de pensamento continuaram existindo de maneira irreconciliável. Os Conservadores estabeleceram as bases para o incremento da sua maneira de pensar, mas não conseguiram se impor, nos primeiros milênios, no Egito. Assim, a corrente não conservadora, que mais tarde se transformou naCONJURA DO SILÊNCIO (ou OBSCURANTISMO), de início teve menos poder no Egito. Ali a corrente dominante foi a conservadora e com certeza isso foi a razão pela qual aquela civilização existiu por cerca de cinco mil anos.
Em Yucatã a corrente conservadora teve vida efêmera, pois, no período de maior esplendor do Egito, a conjura já havia dominado e conduzido a civilização ali estabelecida à ignorância quase completa. A corrente Celta teve menor influência dos conservadores, por isto os altos conhecimentos Atlantas quase nem chegaram a existir, o pouco que foi estabelecido lá teve duração ainda menor do que as duas outras.
A linha básica de pensamento dos conservadores era modelada de forma tal que os conhecimentos deveriam ser oferecidos, não deveriam de forma alguma ser negados, mas mantidos sob forma secreta. Ao homem deveria ser concedido o direito natural de saber, de ser obedecida a sua inclinação biológica de investigar, saber e usar as leis naturais. Contudo deveria haver um rigoroso controle por parte de uma cúpula, constituída por mentores dos três poderes citados. O conhecimento das ciências, bem como a militância política, só seria permissível quando fornecido através de um poder disciplinador. Foi exatamente essa idéia que deu origem àquilo que mais tarde veio a receber o nome deESCOLA DE MISTÉRIO, sobre o que tratamos devidamente em outra palestra.
As “ESCOLAS DE MISTÉRIOS” constituíam uma forma de controle do conhecimento. Uma maneira de tornar mais seguro o saber para evitar a repetição da história com outra destruição terrível.
Assim nasceu com as Escolas de Mistérios a idéia “O CONHECIMENTO MEDIANTE A INICIAÇÃO”. A cada um, segundo o seu nível mental, a sua capacidade de entendimento, a sua disciplina e dedicação. De grau em grau as verdades deveriam ir sendo reveladas, os conhecimentos oferecidos, e a pesquisa permitida.
Por outro lado os propugnadores da ignorância tentavam apagar todo o conhecimento do passado do homem, negar toda a verdade, interditar a ciência e eliminar a história de outros ciclos de civilização. Negar tudo a qualquer preço. Não podemos negar que o propósito dos não conservadores era válido e se baseava em fatos merecedores de certa atenção. Fundamentalmente eles desejavam que outra hecatombe jamais viesse a ocorrer, que a terra não mais servisse de palco para uma desgraça tão grande como aquela que ocorrera na Atlântida, provocada pelo conhecimento do homem sobre os princípios e leis do Criador. Que somente a ELE fosse dado o direito de manipulá-las, que jamais o homem tivesse o direito de interferir inconscientemente em coisas ligadas à Criação e à Natureza.
Os obscurantistas tinham como certo que há leis e princípios que somente cabe a Deus manipular. Tinham como meta um planeta em condições ideais à continuidade da vida, onde o homem pudesse se perpetuar como espécie e manter intacto o corpo, como um templo sagrado para a evolução da alma.
O mesmo desejavam os conservadores, somente que estes admitiam que negar a verdade era o mesmo que permitir que ela surgisse deturpada. Não permitir a ciência era o mesmo que estimular o seu progresso na clandestinidade, sem qualquer controle, portanto. Assim, a melhor maneira era ensinar mediante um rígido controle. Os conservadores tinham o propósito de melhorarem o sistema existente na Atlântida, onde existia o tríplice controle, mas exercido de uma forma pouco rígida. Lá não existiam as Escolas de Mistérios, organizações criadas no Egito, visando tornar mais efetivo o controle do saber e a conservação da unidade Política, Religião, Ciência.
Da discrepância de pontos de vista se originou uma luta de uma violência incrível no campo político entre os dois grupos, cujos reflexos condicionam totalmente a política mundial de hoje, e todas as lutas e divisões existentes no passado e no presente da nossa civilização nada mais são do que desdobramentos daquela.
Durante três milênios a filosofia dos conservadores conseguiu se manter firme no Egito, porém os seus oponentes nunca permaneceram inativos. Lutaram por um ideal, lutaram com todas as armas e com firme propósito de destruir a filosofia conservadora a qualquer preço.
Mesmo que a história haja sido apagada, isto que estamos revelando é uma verdade que explica toda problemática do mundo histórico e cujos registros fragmentários pertencem a algumas instituições mistico-religiosas.
Na sequência desta série de palestras, veremos como evoluíram estas duas correntes até os nossos dias, e como tudo aquilo que aparece ilógico na história desta atual civilização toma sentido. Também veremos o papel exercido pelas forças do lado negativo, pelos seres kelipóticos, dificultando a ascensão do ser para o seu ponto focal, que é o PODER SUPERIOR.