Indagações sobre o Limite

JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.

Antes da creação, onde existia Deus? É uma indagação que pode ser feita? - Num outro mundo! - Na verdade é uma maneira bem cômoda se dizer que existem dois mundos, um imanente contido num outro infinito transcendente, e que Deus existia neste antes da creação.

A admissão da existência de dois mundos distintos gera dificuldade quando se tenta entender o como existir dois mundos interligados sem que exista um terceiro que seria exatamente aquilo que liga os dois mundos. Se existir esse elo de ligação, então, têm que ser considerados três elementos e não apenas dois; o Transcendente, o Imanente, e o “elo de ligação” entre eles. Se não existir um elo de ligação entre os dois mundos, então eles são uma mesma coisa. Se existissem coisas independentes não existiria o absoluto. Aceitar a existência de coisas independentes como partes de algo absoluto requer a existência de um elo qualquer as ligando ao próprio absoluto.

Se existisse um mundo “imanente” e um outro “transcendente” sem que existisse um elo de ligação íntimo entre eles, por certo eles seriam totalmente independentes e, conseqüentemente, nem um e nem o outro poderia ser considerado absoluto. O conceito de independente é essencialmente relativo; algo é independente de outro, em tal ou qual nível, mas jamais em todos os níveis.

Numa outra palestra falamos de uma limitação que o Creador tem e que consiste na impossibilidade de criar o “dois” sem o “três”.

Não podem existir coisas independentes quando existe algum elo de ligação. No Cosmo tudo está unido, entre os dois mundos o elo é chamado de Fohat. Isto é valido, mas nesta palestra o nosso objetivo é abordar este questionamento à luz dos Princípios Herméticos, especialmente clarear mais o “Limite” e a “Unicidade” da existência.

Quando tentamos entender o onde termina um mundo e começa o outro nos vemos diante da importante indagação: Qual é o limite entre os mundos? O que é que estabelece o limite entre cada um deles? - Ou os mundos seriam totalmente independentes, o que anularia o Absoluto, ou existe uma “ponte de união” entre eles. Mas, mesmo admitindo-se a existência daquela “ponte” ainda assim permanece presente a mesma indagação. A pergunta permaneceria sem resposta e caberia esta outra: O termina um mundo e começa a “ponte”, onde esta termina e começa o outro mundo? O que serve de limite tanto à ponte quanto ao mundo? Mesmo admitindo-se que os dois mundos - não só ao mundo quando à qualquer coisa que se considere - fossem independentes a mesma indagação persiste: O que limita os mundos, o que limita as coisas?

Se as coisas fossem independentes entre si não poderia haver intercomunicação de quaisquer naturezas entre elas. Para ser plenamente independentes, é claro que entre elas, deveria existir um vazio absoluto, e no vazio não pode existir propagação de algo. Toda propagação exige um meio no qual ela se processa. Sem alguma forma de união cada coisa seria absoluta em si mesma e como não pode existir mais que um absoluto, então não existe independência plena.

Sempre nos defrontamos com a indagação a respeito do onde termina um mundo imanente e começa o elo, e do onde termina o elo e começa o mundo transcendente. Mas a indagação principal é: O que existe que possa ser considerado como limite entre os dois mundos ou entre duas coisas sejam elas quais forem? Onde termina o mundo imanente e começa o transcendente, o que os limita? Se existisse o elo de união, onde ele começa e termina? O que serve de limite entre o elo e os mundos? Também onde termina o imanente e começa o elo de união, e onde termina este e começa o transcendente. Tem que haver um limite, que limite é este, ele consiste em que?

Para que existam dois mundos é mister a existência de um elo, de uma ponte de união entre eles e isto nos obriga a buscar o onde termina um e começa o outro. Então vem a pergunta: O que estabelece a fronteira entre os dois mundos; o que constitui o elemento limitante?

Vamos analisar a matéria, vamos dividi-la até o nível das mais elementares subpartículas atômicas. Se existem partículas como unidades, então se pergunta: O que estabelece o limite entre uma subpartícula e outra? Um campo de força? Em que se propagaria a força? Num vazio absoluto não, no nada não poderia haver propagação alguma, pois se assim fosse aquele meio não seria o nada. E mesmo assim o que separaria a subpartícula do “nada”? O que separa, ou seja, o que serve de delimitação entre a subparticula e energia, ou entre esta e aquele algo que a antecede? - A própria condição de separação implica na presença de um elemento separador que serve de limite. O que é isto? Se formos dividindo as coisas chegamos até um nível de infinito, o mesmo acontecendo se formos ampliando. Apliquemos este mesmo raciocínio ao tempo e veremos que acontece o mesmo; o que separa um momento de outro momento. Qual a fração mínima de tempo? Na verdade não existe fração mínima de tempo, pois este sempre pode ser dividido até o infinito que é Uno.

O que dissemos a respeito do limite das coisas e do tempo também é valido para tudo quanto existe. Assim sendo vejamos a numeração. Quantos números positivos – maiores que 1 - existem? Quantos números negativos – menores que 1- existem? Quantas frações de número existem, por exemplo, entre 1 e 2?

Temos mostrado muitos casos em que a indagação sobre limite conduz à uma só conclusão: O Infinito. Quando se busca o limite de algo sempre se chega ao infinito. Na verdade não existe algo que possa ser considerado elemento limitante a não ser o Infinito.

O infinito está dentro e está fora de tudo. Na contagem ele sempre está entre dois números quaisquer que sejam eles, inteiros ou fracionários. Tudo o que for fracionado seguidamente chega-se ao Infinito e ser cada fração for por sua vez fracionada chega-se a um infinito de frações. Dentro de cada fração, novas subfrações e assim sucessivamente. Dentro de cada fração existem novas frações sendo o limite desta seqüência apenas o próprio Infinito, por isso se pode dizer que o dentro e o fora do infinito é o próprio infinito, que Tudo é Infinito.

Sempre que alguém faz escalada ela defronta-se com o infinito, não chega à coisa alguma além de Infinito, não passa daí, pois o infinito não pode ter limite algum, pois se o tivesse ele deixaria de ser infinito para se tornar finito. O Infinito simplesmente é sem limite por ser ele o limite, o limite de si mesmo. Esse tipo de análise nos conduz à uma única à conclusão lógica: Só existe uma coisa, o Infinito, tudo o mais são aparências, são ilusões, são o “mundo de maia”.

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Explorando o NADA

JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.

Na tentativa de desvendar a origem do universo físico, a ciência tem especulado a respeito do que existia antes, ou sobre a fonte original. Durante muito tempo foi dito que ele teve origem do "nada", mas isto leva à indagação: O que é o nada? - A esse respeito vejamos o que nos diz a ciência atual sobre aquela condição chamada de "nada". Assim transcrevemos um excelente artigo que situa o pensamento dos físicos quânticos, escrito pelo comentarista cientifico Manoel Barbosa, publicado com o título de Tecnologia do Conhecimento no jornal Diário de Pernambuco em 1995.
A inesgotável riqueza do nada:

"O 'nada' - ou os vazios quânticos - é uma das principais preocupações da ciência, atual. No 'nada', desconfiam os cientistas, parece está a matriz do Todo. Ou de tudo. Ou do universo material em que vivemos. 'O vazio está cheio de alguma coisa que não é matéria', define Henri Laborit, biólogo francês conhecido pelo seu materialismo radical e a intolerância com as tendências místicas de alguns cientistas. No vazio quântico há tudo e nada, ao mesmo tempo. Alguns físicos simplificam a questão e dizem que no vazio/nada há 'informação' assim pensava o brasileiro Mário Schemberg. Laborit considera essa definição insuficiente e dá uma explicação mais elaborada para o conteúdo do 'nada': 'Variações de campos elétricos provocados pelo epicentro da matéria e que persistem quando a matéria já lá não está'. Outro físico, David Bohm, fala de 'ordem implícita'. Ele quer dizer: a matéria está implícita no 'nada'- no vazio há pré-forma; é o molde invisível do molde visível - que somos nós e asCoisas. Beneviste, pesquisador francês, provou que a matéria tem memória. Realizou experiências mostrando que, quando a matéria deixa de existir num ponto, ficam os vestígios. Até água deixa esses vestígios - ou memórias. As experiências de Benveniste foram testadas em vários laboratórios e os resultados comprovaram a afirmação, à primeira vista fantástica[1]. Burr e Sheldrake, dois biólogos, dizem ter identificado 'campos de vida', ou campos morfogenéticos. É mais ou menos como a "ordem implícita" de Bohm no reino biológico: cada organismo teria uma pré-forma da qual os genes seriam apenas mensageiros materiais. Esse conceito também é chamado de 'modelo organizador biológico'. Einstein, no seu intuicionismo avassalador, pensou ter identificado no universo essa força invisível contida no 'nada' - a ordem implícita de Bohm - e a incluiu num sistema conhecimento como 'constante cosmológica'. Desacreditada - e até repudiada pelo próprio Einstein, depois - a constante foi recentemente reabilitada com as descobertas do Telescópio espacial Hubble. Aliás, com a não descoberta, pis o Hubble não detectou a chamada 'massa invisível'. Essa massa era a explicação dada pelos astrônomos para ocorrências cósmicas inexplicáveis pelo volume de massa visível. Ou seja: a massa detectável no universo não bastaria para produzir o próprio universo. Deveria haver massa oculta e que constituiria 90% de todo o cosmos. O Hubble demoliu essa crença e pôs no seu lugar uma explicação parecida com a constante cosmológica. A de que há alguma coisa muito poderosa no "nada" dando origem ao todo - e muitos até a estão chamando de Deus. Para o físico inglês Stephen Hawking isto não é novidade. Ele já vem falando da 'mente de Deus' para justificar o comportamento da matéria que volta para o "nada" pelas goelas dos insaciáveis buracos negros e atravessa a barreira do tempo".

Vemos, então que a própria ciência, com embasamento matemático, nega a existência de um "nada absoluto", quando afirma existir algo indefinível, indetectável, inefável, fonte de "informações" além do Universo. Este pensamento da ciência moderna está em conformidade com o pensamento dos místicos de alto nível de todos os tempos, especialmente os orientais, habituados à meditação sobre conceitos metafísicos elevados. É exatamente num nível além do universo, ou seja, naquele "nada quântico" referido pela ciência atual, que eles colocam Deus, o Poder Superior Criador.

A fonte de todo o conhecimento, o propósito primeiro de tudo quanto foi criado, e mesmo daquilo que ainda não foi criado, existe ao menos como "informação" na citada "Inesgotável Riqueza do Nada", pois ali tem tudo e tem nada. A ciência tem usado outras expressões para indicar o que transcende o mundo das partículas constitutivas do universo detectável. Para isto usam muitas expressões, entre elas: "Pré-forma da forma" ou "Ordem Implícita" de Bohm, ou "Modelo Organizador". Essas expressões são irrelevantes porque nomes específicos não modificam as conclusões o que importa é que além da estrutura da matéria existe uma fonte de consciência.

A própria ciência tem indagado sobre coisas abstratas como pensamento e consciência, indagado também se o próprio pensamento também é feito do "nada". Para a filosofia perene - o conjunto do saber antigo, originado no oriente - a consciência é o próprio "nada". Psicólogos - freudianos e comportamentais, neuro-fisiologistas, e biólogos têm tentado em vão identificar a substância mental e a sede da consciência. Ai surge uma outra dúvida: a consciência é uma propriedade apenas do ser humano ou os animais, e a própria matéria, também a tem? No caso, a consciência - como a mente - seria algo especial, substrato do Todo, ou apenas produto de interações neuro-quimicas de um organismo? Isto para a ciência ainda é um mistério insondável embora que para o místico seja algo bem claro - a consciência é um aspecto do próprio Poder Superior. O que também queremos enfatizar é, mesmo que tudo isto sejam reações da própria matéria biológica, ainda assim o potencial já estava implícito na origem. Desta forma todas as reações dos seres vivos nada mais são do que exteriorizações implícitas na fonte da própria energia que originou todo o universo, portanto não se tratam de algo inerente ao mundo objetivo, de algo gerado pela matéria, mas sim apenas de algo manifestado através dela.

Técnicos que buscam criar inteligência artificial (organismos cibernética) não desistem do propósito de construir máquinas conscientes e se isto chegar a ser possível, a questão está respondida dentro da conceituação mística; "Onde quer que se faça presente uma estrutura apta a manifestar consciência ela ali se fará presente, desde que se trata de um Poder que inunda todo cosmos".

Um dos maiores pesquisadores na área da "inteligência artificial", John Mc Carthy, acredita que dentro de algumas gerações as máquinas comportar-se-ão como se tivessem cérebros iguais aos cérebros humanos, e que não está distante o tempo em que elas serão dotadas até mesmo de paixões e sentimentos.

Ao místico não causará espécie se isso vier a acontecer, desde que tal coisa não invalida a idéia da existência de um Poder Superior, bem pelo contrário, será um reforço à idéia de que existem manifestações de algo absoluto, presente em todos e em tudo. Se tal vier a ocorrer, uma máquina dotada de inteligência a mencionada qualidade não será algo inerente à máquina e sim a algo manifestado através dela, algo que procede da "Inesgotável Riqueza do Nada", do "Vazio que está cheio de alguma coisa que não é matéria", daquele chamado "Vazio Quântico" - denominações dada pela ciência -. Isto é básico na metafísica espiritualista que considera a consciência como sendo um dos aspectos do próprio "nada", e se manifesta onde quer que exista algo, e segundo o modo peculiar de cada coisa. Assim sendo ela se manifesta de uma forma numa pessoa humana, de uma outra num vegetal, num mineral, ou mesmo numa máquina, desde que tudo é mente no universo, portanto tudo tem consciência.
elementos da creação

Partículas da creação
A teologia se divide em duas correntes: Dualista e Monista. As religiões que podem ser consideradas monistas estritas são exatamente aquelas que falam de uma causa primeira, abrangente, imanente em todas as coisas, de onde tudo proveio e para onde tudo voltará, causa esta que tanto está no universo quanto fora dele, e assim sendo totalizando exatamente o "nada". O dualismo considera a existência de distintas coisas no universo, mas isto vai em oposição ao que a ciência tem como certo, a existência da criação a partir de um ponto único, o mesmo que afirmam muitas religiões, em especial aquelas que derivaram dos Vedas.
As religiões místicas, predominantemente orientais, falam e um Deus metafísico. É o Deus das religiões orientais, Deus dos filósofos, tanto que chamá-lo de Deus pode ser considerado um engano por não se tratar de um "ente" mas um "princípio". É o principio do ser imutável, ao mesmo tempo em que é, também, a fonte de todo o porvir, a fonte de toda atividade, o UM do qual procede toda multiplicidade, e que na China é chamado Tao, o "Caminho", na Índia de Brahmân, o imutável, e em algumas doutrinas Poder Superior, ou o "Deus de Spinoza" o Uno, o que não depende de nada, livre de sentimentos e paixões, que está dentro, que é infinito, conteúdo e continente de tudo quanto há.

A ciência, com embasamento matemático nega formalmente a existência de um "nada" absoluto, quando afirma existir algo indefinível, indetectável, inefável, fonte de "informações" além do Universo objetivo detectável. Este pensamento da ciência moderna está em conformidade com o pensamento dos místicos de alto nível de todos os tempos, especialmente os orientais, habituados à meditação sobre conceitos metafísicos elevados. É exatamente num nível além do universo, ou seja, naquele "nada quântico" referido pela ciência atual, que eles colocam Deus, o Poder Superior.

Numa máquina dotada de inteligência esta não será algo inerente à máquina e sim a algo que apenas se manifesta nela desde que, se tudo faz parte da "Inesgotável Riqueza do Nada", do "Vazio que está cheio de alguma coisa que não é matéria", daquele chamado "Vazio Quântico" - denominações dada pela ciência-. Isto é básico na metafísica espiritualista que considera a consciência como sendo um dos aspectos do próprio "nada", ou, indo mais longe, ela é o próprio "Nada", ou Poder Superior - termo religioso - que se manifesta onde quer que exista algo e segundo o modo peculiar de cada coisa. Assim sendo a consciência se manifesta em tudo quanto existe, mas de uma forma peculiar em cada coisa; de uma forma numa pessoa humana; de uma outra maneira num vegetal, num mineral, ou mesmo numa máquina. Já dizia Hermes, "Tudo é Mente" ou como as doutrinas védicas afirmam "O Universo é Mental". Sendo assim, desde que tudo é mente no universo, logo tudo tem consciência nas devidas proporções.

As religiões que podem ser consideradas monistas estritas são exatamente aquelas que falam de uma causa primeira, abrangente, imanente em todas as coisas, de onde tudo proveio e para onde tudo voltará, causa esta que tanto está no universo quanto fora dele, e assim sendo totalizando exatamente o "nada".

No primeiro livro que editamos falamos de psicólogos e de consciência celular. Na época da primeira edição essas afirmativas eram consideradas heréticas, mas hoje é a própria ciência, em especial cientistas adeptos da física quântica, que isto Este livro está mais direcionado àquilo que está por trás do miasma, e isto nos leva a analisar com detalhes as propriedades do intelecto, da memória e do pensamento, o que será feito em um outro capítulo. Alguns metafísicos, filósofos, e cientistas indagam se o pensamento também é feito do "nada"? Para a filosofia perene - o conjunto do saber antigo, originado no oriente - ela é o próprio "nada". Indagam o que é o pensamento e em que ele se diferencia da consciência.

Como mencionamos antes, os neurofisiologistas e psicólogos têm em vão tentado identificar a sede da consciência, sem que até agora hajam chegado ao menor indício de sua localização. Mas, podemos afirmar que sejam quais forem as circunstâncias, a consciência e assim também todas as qualidades inerentes à mente, pré-existem, isto é, antecedem à forma, pois que antes de qualquer estrutura tudo já estava implícito no ponto gênese do universo. Como não existiram dois pontos de origem, então não se pode negar que tudo quanto há e se manifesta de alguma forma, já estava reunido numa só condição - ponto primordial da criação - conforme o Big. Bang (Fiat Lux) que se desdobrou em miríades de coisas. Houve uma fragmentação colossal atingindo não apenas da energia, mas também todas as condições imateriais existentes. Embora isto seja um mistério insondável para a ciência oficial não o é para os pensadores metafísicos e místicos.

Analisando esse tipo de questionamento, o neurofisiolgista Kant Klavans chama a atenção para uma dessas características, a "prioceptividade inconsciente" que se refere ao modo como o corpo sabe como cada uma de suas partes ocupa um espaço. Seguindo essa idéia muitos biólogos preocupam-se com outra questão
A visão unista difere da dualista apenas no que diz respeito à objetividade. No dualismo Deus se manifesta objetivamente como polaridades, enquanto que no unismo como potenciais em que não há polaridades, pois o que é uno não pode comportar polaridade alguma.

Dizem as Doutrinas Tradicionais Antigas: A Consciência Cósmica, no processo do "ver a si mesma", se projeta sob dois aspectos: Um, que consiste na creação de "espelhos" para nele se refletir - coisas limitadas e fragmentárias que refletem leis e princípios, ou seja "substratos" nos quais ela se manifesta - e outro, que consiste no aspecto "Purucha" que é a própria consciência essencial - "dando conta de si mesma" a partir dos elementos constitutivos do outro aspecto "Prakriti".


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Notas:

[1] - De inicio as conclusões de Beneviste foram muito criticadas, e ele até mesmo afastado dos meios científicos. No entanto muitos pesquisadores silenciosamente deram continuidade ao trabalho daquele cientista, chegando às mesmas conclusões e até mais. No Brasil na UNICAMP este assunto em sido pesquisado com muita seriedade e as conclusões comprovam o que Beneviste afirmou com relação à água.

Esta matéria faz parte do livro: HOMEOPATIA - Conceitos Filosóficos - Visão Metafísica da Angústia existencial.
Onde adquirir:
Editora ROBE Tel. (011) 220.6620 e 221.2187


BIBLIOGRAFIA.

BOHM, David - Ordem Implícita e Ordem Superimplícita.
Diálogos com Cientistas e Sábios - Cultrix - S. Paulo
CAPRA, Frijof - A Teia da Vida - Ed. Cultrix - São Paulo
EINSTEIN, Albert - ´The meaning of rrelativity - 5ª Ed. Princeton University Press.
KRISHNAMURTI / DAVID BOHM - O Futuro da Humanidade - Edt. Cultrix - S. Paulo.

Do NADA ao TODO


" A imaginação é mais importante
que o conhecimento."
Albert Einstein

JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.


Universo Criado

Figura 1
Já falamos em artigo anterior sobre o NADA como fonte de tudo quanto há. Visando facilitar o entendimento sobre conceitos concernentes à natureza e origem do Universo consideremos a origem Deste mundo objetivo a partir de um nível transcendente, conforme representado na fig.1, que mostra esquematicamente a creação do universo.

Como já mencionamos no artigo anterior, os cosmólogos se dividem no tocante à origem do universo, havendo os que dizem que ele sempre existiu, em contraposição com os que admitem que houve um início. Na segunda metade do século XX a hipótese mais aceita foi a do Big Bang [1], que diz haver ocorrido um momento em que a partir de um ponto, que chamam de singularidade, o universo foi Creado [2]. A isto as religiões chamam de Deus; os agnósticos chamam de "nada absoluto"; os físicos quânticos chamam de "nada conceitual". Além desse ponto a ciência é totalmente incapaz de responder o que existe, quando muito ela diz não ser um "nada absoluto" e a respeito do que o físico David Bohm afirma: "Onde não há nada há informação".
Conceituamos essa origem como Transcendência e que representa a Consciência. Consciência não no sentido comum como é usado vulgarmente, ou seja, no sentido de "se dá conta de", mas sim no de um Poder Creador e Creador [3] - mantenedor - de tudo quanto há, que sob diferentes aspectos se faz sentir em tudo, quer na energia, quer nas partículas, nos átomos, nas células, nos seres estruturados, nos planetas, estrelas, e nas galáxias, em suma, em tudo o que se possa referir.

Em nível de Transcendência, ou do "antes creação", a Consciência sempre existiu como eternidade, neste sentido ela é ilimitada, embora que sempre se manifeste limitadamente no mundo imanente. No infinito - continente - tudo está contido - conteúdo - A consciência está no próprio infinito assim como tudo quanto existe, pois não se pode conceber um infinito com algo existindo fora dele. Com apoio nesta assertiva podemos dizer que este universo pode ser considerado um dos elementos finitos do absoluto; um limitado "dentro" do ilimitado. O que queremos agora afirmar é que na creação o absoluto fez transparecer o seu aspecto relativo como algo limitado. A própria ciência cosmogônica tem como certo que aquilo que conceitua como universo tem um limite, no qual toda a energia e matéria estão circunscritas dentro de um espaço cujo raio (presumível) mede entre 13 e 20 bilhões de anos luz.

Podemos agora falar da existência de dois níveis, um transcendente (o que pré-existe à creação) e um Imanente, (conhecido como creação) que recebe este nome por estar contido naquele de onde se originou.

Enquanto o Mundo Transcendente é constituído por uma só coisa, por algo indefinível, que não sabemos de que consiste, e que apenas podemos dizer que ali é a fonte una da consciência pura e ilimitada, por sua vez, o Mundo Imanente é caracterizado por miríades de coisas em nível de estruturas físico-energéticas e também de qualidades mentais, ou psíquicas. São nas estruturas físico-energéticas que se manifestam as condições mentais, os estados psíquicos. Trazendo esta conceituação para o nosso plano existencial podemos entender porque o ser humano é considerado um ser dual, constituído de mente e corpo.

Consideramos importante este preâmbulo a fim de que o desenvolvimento deste trabalho possa ser mais bem compreendido. A consciência gerou este mundo no qual ela própria se manifesta como mente através das coisas.

Inicialmente vamos analisar alguns aspectos dos dois mencionados "mundos" levando em conta o que há milênios os orientais dizem desde o período védico que, segundo alguns, data de quatro mil anos (versão historicamente aceita) e segundo outros quarenta mil anos, a fim de esclarecer bem o que pretendemos visando esclarecer o que vem a ser a angústia existencial.

Como as pessoas tendem a compreender melhor aquilo que é mostrado em nível de dualismo, então, vamos desenvolver este tema segundo este modelo, pois esta visão facilita mais à compreensão das pessoas cuja mente funciona analogicamente.

Segundo as Doutrinas Tradicionais, houve o surgimento de uma Luz no início dos tempos (tempo cronológico, tempo linear, pois o tempo absoluto é eterno, portanto não tem início). No início deste universo manifestou-se algo que a ciência chama de energia e as doutrinas chamam de Luz. Aquele algo que a ciência intitula de energia primordial existente num estado chamado de "singularidade" é idêntico àquela condição que as doutrinas oriundas do pensamento védico chamam de "Brahma"; as Judaico-cristãs, de "Deus Pai" e assim por diante.
elementos da creação

Ilustração 2
Analisemos a ilustração 2. Nela vemos as duas condições, os dois "mundos" o transcendente e imanente. A transcendência é o "nada quântico" que é considerado como sendo a Consciência Suprema, a Consciência Cósmica, que por transcender o ponto de origem do mundo imanente é considerada Una. Não existem duas consciências porque na transcendência Tudo é Um.
O que dizem as doutrinas tradicionais desde a antiguidade? - A Consciência Creadora gerou duas condições distintas em manifestação, a partir de uma em essência única cujos respectivos nomes são Purucha e Prakriti[4]. Como tudo procede do Um, então Purucha e Prakriti têm uma mesma origem da qual a primeira representa a consciência imponderável, e a segunda a consciência - energia - estruturada em todas as coisas objetivas. Ambas as condições são diferentes aspectos de manifestação de algo único que é a consciência

A consciência una para se manifestar no mundo imanente teve que se estruturar. A consciência essencial - purucha - para se manifestar requer algo, um "espelho" no qual possa refletir suas qualidades. Isto é o que se pode constatar logicamente. Sem sombra de dúvidas, qualquer expressão de consciência somente pode ser detectável através de algo, por conseguinte, a Consciência Cósmica para se manifestar objetivamente necessitou crear as coisas que constituem o universo físico, e isto, conforme o pensamento dos antigos filósofos gregos, se fez sentir primariamente mediante os quatros elementos: Fogo, Água, Ar, e Terra[5].

Nesse processo fica evidente que a partir da unicidade se estabelece a multiplicidade, gerando-se assim dois aspectos de manifestações perceptivas da "Existência Una". A primeira consiste no percebê-la como natureza primordial, isto é, como unicidade - Unismo - e a segunda percebê-la como descontinuidade - Dualismo - ou seja, como uma ilusória fragmentação do Uno. A multiplicidade é a condição que predomina quase totalmente na mente dos seres que integram o chamado "mundo Imanente", a creação.

O Unismo encara a existência como uma realidade única, aquele ponto citado nas Cosmogonias, origem de todas as expressões de existência. Aquele ponto, de uma certa forma pode ser conceituado como Deus, Brahmâ, Lei Primordial, Ordem Implícita, Nada Quântico, e assim por diante.
A visão unista difere da dualista apenas no que diz respeito à objetividade. No dualismo Deus se manifesta objetivamente como polaridades, enquanto que no unismo como potenciais em que não há polaridades, pois o que é uno não pode comportar polaridade alguma.

Dizem as Doutrinas Tradicionais Antigas: A Consciência Cósmica, no processo do "ver a si mesma", se projeta sob dois aspectos: Um, que consiste na creação de "espelhos" para nele se refletir - coisas limitadas e fragmentárias que refletem leis e princípios, ou seja "substratos" nos quais ela se manifesta - e outro, que consiste no aspecto "Purucha" que é a própria consciência essencial - "dando conta de si mesma" a partir dos elementos constitutivos do outro aspecto "Prakriti".


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Notas:

[1] - Existem algumas variantes da Teoria de que houve um princípio. A própria teoria do Big Bang, embora ainda seja a mais aceita na atualidade, ainda assim está sendo substituída por outras mais satisfatórias. Uma destas é a do Biocosmos, que na verdade tem um bom embasamento filosófico que a torna bem próxima do que afirmam algumas doutrinas e em especial do que já era mencionado nos Vedas.

[2] - No misticismo se usa o verbo crear no sentido de gerar e Criar, no sentido de manter. Na gestação a mãe crea o filho e o cria quando amamenta, etc

[3] - Crear = Gerar. Criar = cuidar. A mãe gera o filho no útero e o cria no lar.

[4] - Termos sânscritos.

[5] - As Doutrinas Tradicionais incluem mais um elemento, o Akash, mas na verdade existem mais dois elementos além destes.