Na tentativa de desvendar a origem do universo físico, a ciência tem especulado a respeito do que existia antes, ou sobre a fonte original. Durante muito tempo foi dito que ele teve origem do "nada", mas isto leva à indagação: O que é o nada? - A esse respeito vejamos o que nos diz a ciência atual sobre aquela condição chamada de "nada". Assim transcrevemos um excelente artigo que situa o pensamento dos físicos quânticos, escrito pelo comentarista cientifico Manoel Barbosa, publicado com o título de Tecnologia do Conhecimento no jornal Diário de Pernambuco em 1995. |
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A inesgotável riqueza do nada:
"O 'nada' - ou os vazios quânticos - é uma das principais preocupações da ciência, atual. No 'nada', desconfiam os cientistas, parece está a matriz do Todo. Ou de tudo. Ou do universo material em que vivemos. 'O vazio está cheio de alguma coisa que não é matéria', define Henri Laborit, biólogo francês conhecido pelo seu materialismo radical e a intolerância com as tendências místicas de alguns cientistas. No vazio quântico há tudo e nada, ao mesmo tempo. Alguns físicos simplificam a questão e dizem que no vazio/nada há 'informação' assim pensava o brasileiro Mário Schemberg. Laborit considera essa definição insuficiente e dá uma explicação mais elaborada para o conteúdo do 'nada': 'Variações de campos elétricos provocados pelo epicentro da matéria e que persistem quando a matéria já lá não está'. Outro físico, David Bohm, fala de 'ordem implícita'. Ele quer dizer: a matéria está implícita no 'nada'- no vazio há pré-forma; é o molde invisível do molde visível - que somos nós e asCoisas. Beneviste, pesquisador francês, provou que a matéria tem memória. Realizou experiências mostrando que, quando a matéria deixa de existir num ponto, ficam os vestígios. Até água deixa esses vestígios - ou memórias. As experiências de Benveniste foram testadas em vários laboratórios e os resultados comprovaram a afirmação, à primeira vista fantástica[1]. Burr e Sheldrake, dois biólogos, dizem ter identificado 'campos de vida', ou campos morfogenéticos. É mais ou menos como a "ordem implícita" de Bohm no reino biológico: cada organismo teria uma pré-forma da qual os genes seriam apenas mensageiros materiais. Esse conceito também é chamado de 'modelo organizador biológico'. Einstein, no seu intuicionismo avassalador, pensou ter identificado no universo essa força invisível contida no 'nada' - a ordem implícita de Bohm - e a incluiu num sistema conhecimento como 'constante cosmológica'. Desacreditada - e até repudiada pelo próprio Einstein, depois - a constante foi recentemente reabilitada com as descobertas do Telescópio espacial Hubble. Aliás, com a não descoberta, pis o Hubble não detectou a chamada 'massa invisível'. Essa massa era a explicação dada pelos astrônomos para ocorrências cósmicas inexplicáveis pelo volume de massa visível. Ou seja: a massa detectável no universo não bastaria para produzir o próprio universo. Deveria haver massa oculta e que constituiria 90% de todo o cosmos. O Hubble demoliu essa crença e pôs no seu lugar uma explicação parecida com a constante cosmológica. A de que há alguma coisa muito poderosa no "nada" dando origem ao todo - e muitos até a estão chamando de Deus. Para o físico inglês Stephen Hawking isto não é novidade. Ele já vem falando da 'mente de Deus' para justificar o comportamento da matéria que volta para o "nada" pelas goelas dos insaciáveis buracos negros e atravessa a barreira do tempo".
Vemos, então que a própria ciência, com embasamento matemático, nega a existência de um "nada absoluto", quando afirma existir algo indefinível, indetectável, inefável, fonte de "informações" além do Universo. Este pensamento da ciência moderna está em conformidade com o pensamento dos místicos de alto nível de todos os tempos, especialmente os orientais, habituados à meditação sobre conceitos metafísicos elevados. É exatamente num nível além do universo, ou seja, naquele "nada quântico" referido pela ciência atual, que eles colocam Deus, o Poder Superior Criador.
A fonte de todo o conhecimento, o propósito primeiro de tudo quanto foi criado, e mesmo daquilo que ainda não foi criado, existe ao menos como "informação" na citada "Inesgotável Riqueza do Nada", pois ali tem tudo e tem nada. A ciência tem usado outras expressões para indicar o que transcende o mundo das partículas constitutivas do universo detectável. Para isto usam muitas expressões, entre elas: "Pré-forma da forma" ou "Ordem Implícita" de Bohm, ou "Modelo Organizador". Essas expressões são irrelevantes porque nomes específicos não modificam as conclusões o que importa é que além da estrutura da matéria existe uma fonte de consciência.
A própria ciência tem indagado sobre coisas abstratas como pensamento e consciência, indagado também se o próprio pensamento também é feito do "nada". Para a filosofia perene - o conjunto do saber antigo, originado no oriente - a consciência é o próprio "nada". Psicólogos - freudianos e comportamentais, neuro-fisiologistas, e biólogos têm tentado em vão identificar a substância mental e a sede da consciência. Ai surge uma outra dúvida: a consciência é uma propriedade apenas do ser humano ou os animais, e a própria matéria, também a tem? No caso, a consciência - como a mente - seria algo especial, substrato do Todo, ou apenas produto de interações neuro-quimicas de um organismo? Isto para a ciência ainda é um mistério insondável embora que para o místico seja algo bem claro - a consciência é um aspecto do próprio Poder Superior. O que também queremos enfatizar é, mesmo que tudo isto sejam reações da própria matéria biológica, ainda assim o potencial já estava implícito na origem. Desta forma todas as reações dos seres vivos nada mais são do que exteriorizações implícitas na fonte da própria energia que originou todo o universo, portanto não se tratam de algo inerente ao mundo objetivo, de algo gerado pela matéria, mas sim apenas de algo manifestado através dela.
Técnicos que buscam criar inteligência artificial (organismos cibernética) não desistem do propósito de construir máquinas conscientes e se isto chegar a ser possível, a questão está respondida dentro da conceituação mística; "Onde quer que se faça presente uma estrutura apta a manifestar consciência ela ali se fará presente, desde que se trata de um Poder que inunda todo cosmos".
Um dos maiores pesquisadores na área da "inteligência artificial", John Mc Carthy, acredita que dentro de algumas gerações as máquinas comportar-se-ão como se tivessem cérebros iguais aos cérebros humanos, e que não está distante o tempo em que elas serão dotadas até mesmo de paixões e sentimentos.
Ao místico não causará espécie se isso vier a acontecer, desde que tal coisa não invalida a idéia da existência de um Poder Superior, bem pelo contrário, será um reforço à idéia de que existem manifestações de algo absoluto, presente em todos e em tudo. Se tal vier a ocorrer, uma máquina dotada de inteligência a mencionada qualidade não será algo inerente à máquina e sim a algo manifestado através dela, algo que procede da "Inesgotável Riqueza do Nada", do "Vazio que está cheio de alguma coisa que não é matéria", daquele chamado "Vazio Quântico" - denominações dada pela ciência -. Isto é básico na metafísica espiritualista que considera a consciência como sendo um dos aspectos do próprio "nada", e se manifesta onde quer que exista algo, e segundo o modo peculiar de cada coisa. Assim sendo ela se manifesta de uma forma numa pessoa humana, de uma outra num vegetal, num mineral, ou mesmo numa máquina, desde que tudo é mente no universo, portanto tudo tem consciência. | |
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Partículas da creação
| A teologia se divide em duas correntes: Dualista e Monista. As religiões que podem ser consideradas monistas estritas são exatamente aquelas que falam de uma causa primeira, abrangente, imanente em todas as coisas, de onde tudo proveio e para onde tudo voltará, causa esta que tanto está no universo quanto fora dele, e assim sendo totalizando exatamente o "nada". O dualismo considera a existência de distintas coisas no universo, mas isto vai em oposição ao que a ciência tem como certo, a existência da criação a partir de um ponto único, o mesmo que afirmam muitas religiões, em especial aquelas que derivaram dos Vedas. | |
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As religiões místicas, predominantemente orientais, falam e um Deus metafísico. É o Deus das religiões orientais, Deus dos filósofos, tanto que chamá-lo de Deus pode ser considerado um engano por não se tratar de um "ente" mas um "princípio". É o principio do ser imutável, ao mesmo tempo em que é, também, a fonte de todo o porvir, a fonte de toda atividade, o UM do qual procede toda multiplicidade, e que na China é chamado Tao, o "Caminho", na Índia de Brahmân, o imutável, e em algumas doutrinas Poder Superior, ou o "Deus de Spinoza" o Uno, o que não depende de nada, livre de sentimentos e paixões, que está dentro, que é infinito, conteúdo e continente de tudo quanto há.
A ciência, com embasamento matemático nega formalmente a existência de um "nada" absoluto, quando afirma existir algo indefinível, indetectável, inefável, fonte de "informações" além do Universo objetivo detectável. Este pensamento da ciência moderna está em conformidade com o pensamento dos místicos de alto nível de todos os tempos, especialmente os orientais, habituados à meditação sobre conceitos metafísicos elevados. É exatamente num nível além do universo, ou seja, naquele "nada quântico" referido pela ciência atual, que eles colocam Deus, o Poder Superior.
Numa máquina dotada de inteligência esta não será algo inerente à máquina e sim a algo que apenas se manifesta nela desde que, se tudo faz parte da "Inesgotável Riqueza do Nada", do "Vazio que está cheio de alguma coisa que não é matéria", daquele chamado "Vazio Quântico" - denominações dada pela ciência-. Isto é básico na metafísica espiritualista que considera a consciência como sendo um dos aspectos do próprio "nada", ou, indo mais longe, ela é o próprio "Nada", ou Poder Superior - termo religioso - que se manifesta onde quer que exista algo e segundo o modo peculiar de cada coisa. Assim sendo a consciência se manifesta em tudo quanto existe, mas de uma forma peculiar em cada coisa; de uma forma numa pessoa humana; de uma outra maneira num vegetal, num mineral, ou mesmo numa máquina. Já dizia Hermes, "Tudo é Mente" ou como as doutrinas védicas afirmam "O Universo é Mental". Sendo assim, desde que tudo é mente no universo, logo tudo tem consciência nas devidas proporções.
As religiões que podem ser consideradas monistas estritas são exatamente aquelas que falam de uma causa primeira, abrangente, imanente em todas as coisas, de onde tudo proveio e para onde tudo voltará, causa esta que tanto está no universo quanto fora dele, e assim sendo totalizando exatamente o "nada".
No primeiro livro que editamos falamos de psicólogos e de consciência celular. Na época da primeira edição essas afirmativas eram consideradas heréticas, mas hoje é a própria ciência, em especial cientistas adeptos da física quântica, que isto Este livro está mais direcionado àquilo que está por trás do miasma, e isto nos leva a analisar com detalhes as propriedades do intelecto, da memória e do pensamento, o que será feito em um outro capítulo. Alguns metafísicos, filósofos, e cientistas indagam se o pensamento também é feito do "nada"? Para a filosofia perene - o conjunto do saber antigo, originado no oriente - ela é o próprio "nada". Indagam o que é o pensamento e em que ele se diferencia da consciência.
Como mencionamos antes, os neurofisiologistas e psicólogos têm em vão tentado identificar a sede da consciência, sem que até agora hajam chegado ao menor indício de sua localização. Mas, podemos afirmar que sejam quais forem as circunstâncias, a consciência e assim também todas as qualidades inerentes à mente, pré-existem, isto é, antecedem à forma, pois que antes de qualquer estrutura tudo já estava implícito no ponto gênese do universo. Como não existiram dois pontos de origem, então não se pode negar que tudo quanto há e se manifesta de alguma forma, já estava reunido numa só condição - ponto primordial da criação - conforme o Big. Bang (Fiat Lux) que se desdobrou em miríades de coisas. Houve uma fragmentação colossal atingindo não apenas da energia, mas também todas as condições imateriais existentes. Embora isto seja um mistério insondável para a ciência oficial não o é para os pensadores metafísicos e místicos.
Analisando esse tipo de questionamento, o neurofisiolgista Kant Klavans chama a atenção para uma dessas características, a "prioceptividade inconsciente" que se refere ao modo como o corpo sabe como cada uma de suas partes ocupa um espaço. Seguindo essa idéia muitos biólogos preocupam-se com outra questão | |
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A visão unista difere da dualista apenas no que diz respeito à objetividade. No dualismo Deus se manifesta objetivamente como polaridades, enquanto que no unismo como potenciais em que não há polaridades, pois o que é uno não pode comportar polaridade alguma.
Dizem as Doutrinas Tradicionais Antigas: A Consciência Cósmica, no processo do "ver a si mesma", se projeta sob dois aspectos: Um, que consiste na creação de "espelhos" para nele se refletir - coisas limitadas e fragmentárias que refletem leis e princípios, ou seja "substratos" nos quais ela se manifesta - e outro, que consiste no aspecto "Purucha" que é a própria consciência essencial - "dando conta de si mesma" a partir dos elementos constitutivos do outro aspecto "Prakriti".
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Notas:
[1] - De inicio as conclusões de Beneviste foram muito criticadas, e ele até mesmo afastado dos meios científicos. No entanto muitos pesquisadores silenciosamente deram continuidade ao trabalho daquele cientista, chegando às mesmas conclusões e até mais. No Brasil na UNICAMP este assunto em sido pesquisado com muita seriedade e as conclusões comprovam o que Beneviste afirmou com relação à água.
Esta matéria faz parte do livro: HOMEOPATIA - Conceitos Filosóficos - Visão Metafísica da Angústia existencial. Onde adquirir: Editora ROBE Tel. (011) 220.6620 e 221.2187
BIBLIOGRAFIA.
BOHM, David - Ordem Implícita e Ordem Superimplícita. Diálogos com Cientistas e Sábios - Cultrix - S. Paulo CAPRA, Frijof - A Teia da Vida - Ed. Cultrix - São Paulo EINSTEIN, Albert - ´The meaning of rrelativity - 5ª Ed. Princeton University Press. KRISHNAMURTI / DAVID BOHM - O Futuro da Humanidade - Edt. Cultrix - S. Paulo. |
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