Indagações sobre o Limite

JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.

Antes da creação, onde existia Deus? É uma indagação que pode ser feita? - Num outro mundo! - Na verdade é uma maneira bem cômoda se dizer que existem dois mundos, um imanente contido num outro infinito transcendente, e que Deus existia neste antes da creação.

A admissão da existência de dois mundos distintos gera dificuldade quando se tenta entender o como existir dois mundos interligados sem que exista um terceiro que seria exatamente aquilo que liga os dois mundos. Se existir esse elo de ligação, então, têm que ser considerados três elementos e não apenas dois; o Transcendente, o Imanente, e o “elo de ligação” entre eles. Se não existir um elo de ligação entre os dois mundos, então eles são uma mesma coisa. Se existissem coisas independentes não existiria o absoluto. Aceitar a existência de coisas independentes como partes de algo absoluto requer a existência de um elo qualquer as ligando ao próprio absoluto.

Se existisse um mundo “imanente” e um outro “transcendente” sem que existisse um elo de ligação íntimo entre eles, por certo eles seriam totalmente independentes e, conseqüentemente, nem um e nem o outro poderia ser considerado absoluto. O conceito de independente é essencialmente relativo; algo é independente de outro, em tal ou qual nível, mas jamais em todos os níveis.

Numa outra palestra falamos de uma limitação que o Creador tem e que consiste na impossibilidade de criar o “dois” sem o “três”.

Não podem existir coisas independentes quando existe algum elo de ligação. No Cosmo tudo está unido, entre os dois mundos o elo é chamado de Fohat. Isto é valido, mas nesta palestra o nosso objetivo é abordar este questionamento à luz dos Princípios Herméticos, especialmente clarear mais o “Limite” e a “Unicidade” da existência.

Quando tentamos entender o onde termina um mundo e começa o outro nos vemos diante da importante indagação: Qual é o limite entre os mundos? O que é que estabelece o limite entre cada um deles? - Ou os mundos seriam totalmente independentes, o que anularia o Absoluto, ou existe uma “ponte de união” entre eles. Mas, mesmo admitindo-se a existência daquela “ponte” ainda assim permanece presente a mesma indagação. A pergunta permaneceria sem resposta e caberia esta outra: O termina um mundo e começa a “ponte”, onde esta termina e começa o outro mundo? O que serve de limite tanto à ponte quanto ao mundo? Mesmo admitindo-se que os dois mundos - não só ao mundo quando à qualquer coisa que se considere - fossem independentes a mesma indagação persiste: O que limita os mundos, o que limita as coisas?

Se as coisas fossem independentes entre si não poderia haver intercomunicação de quaisquer naturezas entre elas. Para ser plenamente independentes, é claro que entre elas, deveria existir um vazio absoluto, e no vazio não pode existir propagação de algo. Toda propagação exige um meio no qual ela se processa. Sem alguma forma de união cada coisa seria absoluta em si mesma e como não pode existir mais que um absoluto, então não existe independência plena.

Sempre nos defrontamos com a indagação a respeito do onde termina um mundo imanente e começa o elo, e do onde termina o elo e começa o mundo transcendente. Mas a indagação principal é: O que existe que possa ser considerado como limite entre os dois mundos ou entre duas coisas sejam elas quais forem? Onde termina o mundo imanente e começa o transcendente, o que os limita? Se existisse o elo de união, onde ele começa e termina? O que serve de limite entre o elo e os mundos? Também onde termina o imanente e começa o elo de união, e onde termina este e começa o transcendente. Tem que haver um limite, que limite é este, ele consiste em que?

Para que existam dois mundos é mister a existência de um elo, de uma ponte de união entre eles e isto nos obriga a buscar o onde termina um e começa o outro. Então vem a pergunta: O que estabelece a fronteira entre os dois mundos; o que constitui o elemento limitante?

Vamos analisar a matéria, vamos dividi-la até o nível das mais elementares subpartículas atômicas. Se existem partículas como unidades, então se pergunta: O que estabelece o limite entre uma subpartícula e outra? Um campo de força? Em que se propagaria a força? Num vazio absoluto não, no nada não poderia haver propagação alguma, pois se assim fosse aquele meio não seria o nada. E mesmo assim o que separaria a subpartícula do “nada”? O que separa, ou seja, o que serve de delimitação entre a subparticula e energia, ou entre esta e aquele algo que a antecede? - A própria condição de separação implica na presença de um elemento separador que serve de limite. O que é isto? Se formos dividindo as coisas chegamos até um nível de infinito, o mesmo acontecendo se formos ampliando. Apliquemos este mesmo raciocínio ao tempo e veremos que acontece o mesmo; o que separa um momento de outro momento. Qual a fração mínima de tempo? Na verdade não existe fração mínima de tempo, pois este sempre pode ser dividido até o infinito que é Uno.

O que dissemos a respeito do limite das coisas e do tempo também é valido para tudo quanto existe. Assim sendo vejamos a numeração. Quantos números positivos – maiores que 1 - existem? Quantos números negativos – menores que 1- existem? Quantas frações de número existem, por exemplo, entre 1 e 2?

Temos mostrado muitos casos em que a indagação sobre limite conduz à uma só conclusão: O Infinito. Quando se busca o limite de algo sempre se chega ao infinito. Na verdade não existe algo que possa ser considerado elemento limitante a não ser o Infinito.

O infinito está dentro e está fora de tudo. Na contagem ele sempre está entre dois números quaisquer que sejam eles, inteiros ou fracionários. Tudo o que for fracionado seguidamente chega-se ao Infinito e ser cada fração for por sua vez fracionada chega-se a um infinito de frações. Dentro de cada fração, novas subfrações e assim sucessivamente. Dentro de cada fração existem novas frações sendo o limite desta seqüência apenas o próprio Infinito, por isso se pode dizer que o dentro e o fora do infinito é o próprio infinito, que Tudo é Infinito.

Sempre que alguém faz escalada ela defronta-se com o infinito, não chega à coisa alguma além de Infinito, não passa daí, pois o infinito não pode ter limite algum, pois se o tivesse ele deixaria de ser infinito para se tornar finito. O Infinito simplesmente é sem limite por ser ele o limite, o limite de si mesmo. Esse tipo de análise nos conduz à uma única à conclusão lógica: Só existe uma coisa, o Infinito, tudo o mais são aparências, são ilusões, são o “mundo de maia”.

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