Curso de Hermetismo Niilista

Venerável Academia de Filosofia Hermética 

Abertas as inscrições para a primeira turma de Primeira Câmara em Hermetismo Niilista da VAFH.

Início das aulas: março de 2024.

Inscrição no curso: vafh@proton.me

Venerável Academia de Filosofia Hermética - VAFH

A VAFH é uma organização místico-filosófica e semissecreta, com abordagem contemporânea, destinada ao estudo do Hermetismo Filosófico, do Niilismo e da Teoria das Pílulas, com ênfase na black pill.

O estudos da VAFH são classificados e organizados em Sete Câmaras, das quais Seis Câmaras são progressivas, cada uma das quais tendo a duração de doze meses, durante as quais centenas de aulas são enviadas, e uma Câmara é não progressiva, como estudos revisionais e complementares, de duração indefinida. 

A transmissão dos conteúdos herméticos da Academia está em consonância com o monismo e com o niilismo metafísico. As reuniões de estudo da Academia acontecem bimestralmente, às 19h, via internet. As atividades da VAFH são restritas aos seus membros. 

Blog oficial da VAFH:


A evolução do ego

JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.


" Mais vale uma hora de sábio
que a vida inteira de tolo ".
Adágio Popular

mundo imanente

Mundo Imanente
O ser em nível psico-emocional está constantemente sendo alvejado por inúmeros fatores externos no sentido dualístico, conforme a ilustração 3 e estabelecendo defesas-ego".

Existem muitos fatores que ameaçam o ser em seu nível psíquico e que não o lesionam fisicamente, mas que violam a integridade do "eu" defendido pela muralha do "ego". O "ego" funciona como um escudo que procura reter as injúrias psíquicas que possam ameaçar o "eu". Este pode perceber que está sendo alvejado, mas muitas vezes isto se passa de forma que a pessoa não percebe, mas mesmo assim ocorrem conseqüências sobre a sua integridade. Visando proteger o "eu" a mente constrói um sistema de mecanismos defensivos, desde simples modos de agir até outros altamente destrutivos, como estudaremos oportunamente.
O ser humano vive numa perene luta contra códigos, contra paradigmas, estabelecidos pelas religiões, pelo estado, pela família, e por ele próprio. Trata-se de um sistema de conceitos de errado e de certo; de pecado e de virtude, de mal e de bem. Tudo isto são apenas conceitos desde que na unicidade não há lugar tais coisas. Embora sejam convenções ainda assim, estas são a causa básica de todo o sentimento de culpa existente nos seres.

O que as religiões fazem no campo espiritual é idêntico ao que a Psicologia faz em nível de "ego". As religiões estabelecem códigos morais que visam convencer as pessoas a aceitá-los como "princípios divinos", como "desígnios", "desejos" ou "determinações de Deus", depois as induzem a se sentirem culpadas se não os obedecem, se cumprem ou não as determinações. Se a pessoa cumpre, ela não se sente em conflito, não haverá culpas e assim se sente espiritualmente em paz, portanto em um estado de "céu". Do contrário ela se sente em pecado, portanto num estado de "inferno". Assim vivem as pessoas, imersas em conceitos que geram culpa e culpa gera sofrimentos. A inobservância das normas morais gera o remorso, gera uma angústia por desobedecer àquilo que ela incorporou como certo. Mas, isto gera um tipo de angústia que pode ser chamada de "angústia secundária", diferente da "angústia existencial" que pode ser chamada de "angústia primária". Esta representa um estado muito mais profundo que não se baseia na desobediência a paradigmas constituídos, mas sim à ameaça induzida pela competição com os pretensos múltiplos "eus". Superar a angústia secundária é bem mais simples que superar a primária, pois para tanto basta obedecer aos códigos que a culpa cessa e com ela todas as conseqüências, mas o mesmo não acontece em se tratando da angústia existencial. A angústia secundária é estabelecida pelo sentimento de violação dos códigos vivenciais, portanto basta cumpri-los para que ela cesse assim também todas as suas conseqüências. Mas o mesmo não se pode dizer da angústia existencial, pois esta não se baseia em códigos violados, mas sim no arraigado conceito da dualidade. Assim sendo, somente com a libertação do conceito de dualismo existencial é que ela poderá ser aniquilada. Nisto consiste a libertação do ser, mas não basta aceitar teoricamente que a dualidade é uma ilusão, mas sim se sentir uno e isto corresponde aquele estado que as doutrinas orientais chamam de Nirvana.

A principal característica da ilusão da dualidade é o surgimento do "ego". Este, em grande parte, é construído basicamente por códigos aceitos, e isso é o que faz uma pessoa se sentir diferente das demais. O Eu é eterno, é único, está isento de sofrimentos, enquanto que o "ego" é efêmero, algo criado pela própria pessoa desde a sua primeira manifestação no mundo imanente. Grande parte da vida neste mundo imanente consiste numa perene luta de criar condições egóicas, de criar regras de conduta pessoais - códigos - e também de aceitar muitos que lhes são sugeridos ou impostos, ou de afastá-las e modificá-las. Isto constitui um processo muito difícil de se sair dele, o qual é chamado de "Roda da Vida" ou "Sansâra". Podemos dizer que o "ego" é parte essencial do Sansâra. Sem o "ego" não haveria individualidade alguma.

A psicologia clássica age da mesma forma que as religiões, ela faz a pessoa reconhecer os paradigmas ensinando-lhe métodos de convivência sem conflitos com eles. Conduz a pessoa a viver sem conflitos, reforçando a auto-imagem, mas sem visar o semelhante. Ensina o viver bem consigo mesmo estabelecendo métodos para a pessoa só ver a si mesmo, e não ter conflitos por tudo aquilo que possa infringir aos demais. Reforça o "ego" transformando-o em um rochedo; centraliza tudo na própria pessoa, o que representa um tremendo reforço da individualidade. Gera um "ego" tão sólido que a pessoa convive com o mundo sem conflitos, mas não diminui de forma alguma angústia existencial.

Com uma sólida estrutura egóica a pessoa deixa de sofrer porque cristaliza o problema em nível de "ego", assim os conflitos deixam de ser problemas, e como conseqüência a pessoa pode viver em paz, viver bem, mas não plenamente curado porque persiste em toda sua intensidade a angústia existencial, a Psora Latente. Tanto as religiões comuns quanto a psicologia, não levam a um estado de libertação daquilo que a Homeopatia chama de Psora Latente, pois na verdade elas acorrentam o ser uma condição irreal que é o "ego". Se alguém sofre por uma culpa a psicologia reforça o "ego" no sentido dela passar a aceitar aquilo como algo não conflitivo fazendo-a não se sentir culpada, portanto conseguindo viver relativamente bem, mas mesmo assim muito distante da libertação do estado de "angústia existencial".

As religiões, ao menos, induzem a pessoa viver sem conflitos e sem causar culpa nos demais, enquanto a psicologia isto não é levado em conta. Isto acontece porque a psicologia vê o mundo pessoal como "eu" e os "outros". Tenta eliminar o sofrimento do "eu" em detrimento dos "outros". Este é um lema da psicologia, mesmo que os psicólogos neguem-no: Viva bem consigo mesmo procurando resolver o seu próprio problema, não interessando os demais. Cada um é cada um. Viva bem consigo mesmo, e esqueça os outros, isto é o que a psicologia tradicional incentiva. Para ela cada um é cada um, o que vale é viver sem culpa, mas para isto faz uso do reforço do "ego", sem saber que isto é apenas uma ilusão. Isto acontece porque os próprios psicólogos, em sua grande maioria, vivem na ilusão da realidade do "ego, não percebendo que a pessoa é um fragmento de uma Consciência Maior. Sem esse conhecimento faz a pessoa continuar perdida no mundo fragmentário, estreito e limitado da Imanência, em vez de auxiliá-la a compreender que o "ego" individual não vai além de uma auto-imagem artificial.

Não toda a Psicologia, mas algumas linhas acreditam que o viver sem conflito é um estado de liberdade, não se dando conta porém de que este mundo dialético funciona num nível restrito, que a liberdade na imanência é semelhante a um prisioneiro que de adaptou à própria cela, onde por um determinado tempo não percebe que está vivendo num nível restrito, sendo por isto incapaz de assimilar a riqueza total de outras experiências existenciais "interiores" e "exteriores". São incontáveis os mecanismos sociais, morais, familiares, econômicos, institucionais, etc, que têm como objetivo fazer a pessoa viver bem através de uma cristalização do "ego".

O "ego" é algo que a pessoa acredita ser a sua própria natureza pessoal, esquecendo que se trata de um amontoado de conceitos individualizantes. A individualidade é o que há de mais marcante nas pessoas a nível se mundo imanente. É o "ego" que separa, que diferencia, que fragmenta, portanto que afasta o individuo da sua natureza essencial "una" que na verdade está representada pela expressão: "Os altos fins da existência". O mais elevado fim da existência é aniquilação da dualidade, o pleno retorno à origem, o que indica o "passar da posição de egoísta para o de altruísta" conforme se expressava o Mestre Thomas Pablo Paschero, eminente homeopata argentino. Vemos que é exatamente o "ego" quem mantém "samsara" citado pelas religiões védicas.

Para conseguir se sentir mais seguro como individualidade distinta a pessoa lança mão de uma série de mecanismos egóicos, de fórmulas através dos quais ela amplia a autoconfiança, mas cuja conseqüência direta é a ampliação da descontinuidade, o aumento da separação, e tudo isto é relegar a verdadeira natureza do ser "uno" a um plano de inexistência, não se importando com a problemática dos demais. Ao "eu" divisionário o que importa é ele se sentir bem a despeito das demais, a "parte" - pessoa - continuar acreditando ser uma entidade separada da Natureza Única.

Na verdade as religiões tendem configurar um estado altamente egóico, pois que agem protegendo a integridade do "eu" através do "ego" de uma forma bem peculiar. Mas, de um modo diferente daquele instituído pela psicologia. A esta só interessa o "eu" a despeito do "outro" enquanto que as religiões embora também considere o "eu" e o "outro" acrescentam um componente que chamam de altruísmo. Como disse Jesus "Amai ao teu próximo" essa expressão tem uma conotação plenamente dualista, diferindo da segunda parte quando complementa: "como a ti mesmo" cuja conotação é unista. Mesmo considerando o altruísmo, as religiões pregam o dualismo, pregam a separação afastando a pessoa da Realidade Única, tirando-a do caminho da libertação e orientando-a para o alvo da acomodação dualística.

É o estabelecimento do Princípio da Descontinuidade a origem do sofrimento oriundo da insegurança existencial como dualidade. Nesta condição o ser se sente desprotegido, vulnerável por todos dos lados levando-o a tentar inúmeras formas de preservação, modos para proteger a pseudo-idéia do "eu" individual, fortificando cada vez mais as qualidades que caracterizam o "ego" ao preço da ampliação da angústia primaria - angústia existencial - e da angústia secundária oriunda dos apegos.
********************

Introdução ao Princípio da Correspondência

 JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.


" O espírito nos une, o corpo nos separa".
Arthur Veloso


De todos os Princípios de Hermes este é o mais citado:

“O QUE ESTÁ EM CIMA É COMO O QUE ESTÁ EMBAIXO, E O QUE ESTÁ EMBAIXO É COMO O QUE ESTÁ EM CIMA”.

No Cosmo tudo o que existe em um nível tem o seu homólogo em outros níveis. Não existe algo isolado, fora ou dentro da creação.

A creação é uma objetivação da Mente Cósmica. O PODER SUPERIOR como ABSOLUTO não se polariza, ELE se projeta, se expande e a expansão corresponde precisamente a creação. Nisto reside ao primeiro nível de correspondência.
Tudo aquilo que existe na creação tem o seu homólogo em todos os planos superiores até mesmo na própria Mente Cósmica. Na Mente do Poder Superior já existe potencialmente, como idéia, todo o modelo da creação. Por mais amplo que seja um sistema, ou, por mais insignificante que seja uma determinada coisa, por certo ela tem correspondência com a MENTE CÓSMICA.

O universo com tudo aquilo que nele existe é uma projeção da MENTE DO Poder Creador é o lado descontinuo do continuo.

Dentro da creação quase tudo é vibração, o universo é vibratório, e à vibração está inerente à natureza sétupla expressa pela “Árvore da Vida”. Tal como na escala musical, são sete as notas possíveis, são apenas sete notas agrupadas em oitavas, mas isto não diz respeito somente às notas musicais, na verdade diz respeito à totalidade das vibrações – Teclado Cósmico.

Uma escala musical é composta por sete notas que se unem a uma compondo uma oitava que podem ser agrupar formando uma verdadeira escada.
No “Teclado Cósmico” cada da oitava pode constituir um mundo, um plano, uma coisa qualquer. Todas as formas existentes no universo sempre estão interligadas. A vibração é o que individualiza as coisas e a correspondência à união das coisas. As notas se repetem de oitava em oitava. Qualquer nota de uma oitava tem a sua correspondente nas demais oitavas.

Tudo pode ser representado pela “Árvore da Vida” e aquilo que contiver numa oitava tem correspondência nas demais oitavas que constituem a “Escada”.

Segundo as leis da mecânica ondulatória, qualquer nota ressoa ao longo de toda a escala segundo determinada relação. Isto é uma decorrência do Princípio da Correspondência. Na oitava de cima as notas se repetem, isto é, cada uma nota tem uma homóloga. Assim como é na oitava de baixo é também na oitava de cima, pois tudo apenas se repete em um outro nível.

Também a harmonia musical – vibratória – é uma decorrência do Princípio da Correspondência. Na escala das vibrações há notas ressonantes harmônicas e notas ressonantes desarmônicas.Isto é estudado na música. Sabe-se que existem notas que se combinam harmônicamente e notas que não se combinam harmonicamente. Por exemplo: as notas mi - sol - si formam um acorde harmônico; ré - fá – lá, outro. Vejam que as notas harmônicas estão em um mesmo pilar – lado – da “Árvore da Vida”, o que faz ver que a harmonia musical não ocorre por acaso.

Pela “Arvore” se pode ver que o dó inferior (Malkut) tem a sua réplica no início da oitava seguinte (Kether) portanto: “Assim como é em baixo é também em cima”. Se Malkut representar o homem material Kether representará Deus, portanto o homem de uma certa forma é a imagem de Deus.

Como temos mostrado em nossos temas, o universo é constituído por vibrações de um principio primordial - MA. As vibrações estão distribuídas numa escala colossal em que as oitavas se repetem numa imensa sucessão formando uma fantástica “escada”. As vibrações se apresentam formando tudo quanto há, constituindo não só as coisas materiais existentes como também outros planos distintos. Não se trata de uma escada linear, de uma escala simples, pois, como já dissemos em outras palestras cada nota de uma oitava pode se constituir por si mesmo uma oitava completa (Cada sephirah de uma “árvore” pode se constituir numa árvore secundária assim sucessivamente).

O Universo basicamente é constituído por três amplos planos que podem ser representados por “arvores da Vida”. Esses planos recebem denominações próprias em algumas doutrinas.

1 - ASTRAL INFERIOR; 2 - ASTRAL RESPLANDECENTE; 3 - ASTRAL SUPERIOR.
1 - GRANDE PLANO FÍSICO; 2 GRANDE PLANO MENTAL; 3 GRANDE PLANO ESPIRITUAL.
1 - BERIAH - 2 YETZIRAH - 3- ASSYAH.

Tudo o que existe num plano existe em um plano por correspondência também existe nos demais. Por exemplo: Tudo o que existe no Grande Plano Físico também existe no Grande Plano Mental e no Grande Plano Espiritua. A única diferença diz respeito apenas à “densidade”. Como os níveis de vibração diferem muito de um plano para outro, naturalmente a réplica de algo num plano superior apresenta-se com um aspecto bem mais atenuado que aquela do plano imediatamente inferior. Comparativamente se pode ver que uma estrutura material do mundo denso tem a sua réplica no plano astral mais tênue, por isso via de regra ela não é facilmente visível.

É o Princípio da Correspondência que permite se intervir sobre uma estrutura densa a partir da sua réplica no plano astral. Qualquer modificação que se processe em um plano se reflete em todos os demais, por isto se diz que qualquer ato afeta todo o universo. Muitos trabalhos de magia são praticados a partir de interferências nas réplicas do astral, tanto em um sentido quanto no outro.

Dizem as “lendas” e “mitos” dizem os duendes, as fadas, e outros elementais protegem a natureza. Na realidade eles são seres do plano astral e que suas ações ocorrem a partir das réplicas existentes naquele plano, portanto se trata de um processo baseado no Princípio da Correspondência.

O Princípio da Correspondência é função do efeito de ressonância inerente ao Princípio da Vibração. Quando uma corda de um piano é percutida provocando um som todas as notas correspondentes – ressonantes – também vibrarão e provocarão os sons correspondentes, mas, vale notar que a intensidade do som será progressivamente atenuada. A ressonância é tanto mais intensamente quanto mais próxima estiver da nota básica. Em um piano se uma tecla de um extremo for percutida fazendo vibrar uma corda, muitas outras cordas ao longo do teclado também vibrarão, porém os sons correspondentes serão tanto menos intensos quanto mais afastada for a corda em relação àquela que inicialmente percutida.

Todas as notas se desdobram em 7 outras e assim sucessivamente. O mesmo acontece não somente com as notas musicais, mas também com tudo o que vibra. Isto é o que permite que existam outros planos além deste que conhecemos e que é denominado de plano material. Assim, no plano da matéria podemos situar os reinos da natureza, sendo os três mais conhecidos: O reino mineral, o vegetal e o animal. Podemos afirmar que tal como esses reinos existem no mundo material eles têm replicas nos demais planos. O que estamos dizendo é significativo porque é importante a pessoa conhecer todos os seus harmônicos, quer nos reinos da natureza quer em todos os bipolo do universo.

Já dissemos em uma palestra anterior que muitas vezes a pessoa encontra uma plantinha pela qual sente uma grande atração por ela. Na realidade isto é a lei da correspondência. Muitas vezes uma pedrinha atrai a nossa atenção, pegamo-la e ficamos muito tempo com ela nas mãos e poderemos ter algum tipo de sensação. Isto é a lei da correspondência em ação. Quando assim acontece com grande intensidade que a sensação é prazerosa é bom que guardemos aquela pedrinha, até mesmo mantendo-a em contacto conosco, pois as vibrações dela podem nos harmonizar. Por outro lado se a sensação for de desconforto devemos nos livrar dela o mais breve possível.

A empatia, a atração entre pessoas, ou seja, a afinidade tem muito ver com o Princípio da Correspondência. O entendimento deste princípio facilita muito as coisas do dia a dia, pode condicionar um viver melhor. Pode condicionar uma união conjugal mais duradoura, pode condicionar uma vida mais feliz por se residir num lugar harmônico, etc.

Em um tema bem anterior, quando falamos da energia sutil, dissemos que se podem aumentar nossas reservas a partir de um vegetal, ou mesmo de um mineral. Falamos de um exercício que consiste em colocar a coluna vertebral em contacto com uma rocha, ou com uma árvore. Agora podemos acrescentar que o vegetal, ou a rocha, devem ser harmônicas com a pessoa.

No reino animal uma pessoa pode ter afinidade com algum animal em especial, mas às vezes é com uma espécie inteira. É comum algumas pessoas terem afinidades com determinado tipo de animal tais como gatos, enquanto outras terem com cachorros, outras com peixes, outras com determinados tipos de pássaros. O mesmo acontece com relação ao reino vegetal, existem lavradores que até mesmo não sabem o porquê de preferirem determinadas culturas independentemente do lado lucrativo. O mesmo se pode dizer da afinidade das pessoas com determinados minerais, especialmente com as pedras; uns ficam encantados com o rubi, outros com ametista, outro com água-marinha e assim por diante. Baseada nisto a pessoa deve procurar sempre que for possível se acercar das coisas afins, pois estas tendo ressonância harmônica com a pessoa, por certo lhe facilitam o viver.

A lei da correspondência é o resultado da ressonância vibratória, portanto é um princípio decorrente da vibração constitutiva do universo. Por esta razão não é fácil mudar o grau de afinidade entre pessoas e coisas, a não ser quando o adepto sabe como alterar temporariamente a sua vibração pessoal, pois somente assim ele pode manter a sintonia com coisas diferentes. Modificando a sua vibração básica ele passa a ser harmônico com outras freqüências que antes lhes eram desarmônicas.

  


O Princípio de Causa e Efeito

 JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.


" Dize, náo é mais belo o vasto
oceano que uma gota?"

Arthur Veloso


Dissemos que ao nível da CRIAÇÃO PRIMORDIAL que se manifesta em Kether há 3 leis e como conseqüência três níveis de complexidade.

Os 4 - “mundos” - estudados pela Cabala:
AZILUT = Nível da Emanação = 6 leis = 6 níveis de complexidade = 6 níveis de dificuldades.

BERIAH = Nível da Criação = 12 leis = 12 níveis de complexidade = 12 níveis de dificuldades.

YEZIRAH = Nível da Formação = 24 leis = 24 níveis de complexidade = 24 níveis de dificuldades.

ASIYAH = Nível da Manifestação = 48 leis = 48 níveis de complexidade = 48 níveis de dificuldades.

MUNDOS INFERIORES = 98 leis = 98 níveis de complexidade = 48 níveis de dificuldades.

Em decorrência da progressão crescente das leis e das conseqüentes dificuldades reside a razão pela qual é tão difícil se viver no mundo material. A pessoa está sujeita 48 leis, a 48 níveis de dificuldades. O que é ainda pior, as dificuldades não são lineares, elas se combinam.

O desenvolvimento espiritual torna-se mais fácil se a pessoa não somar dificuldades. Seja qual for o problema, a dificuldade está contida numa das 48 dificuldades básicas. Uma dificuldade sempre tem uma causa e por sua vez é sempre efeito de uma de uma outra dificuldade.

Se uma pessoa se encontra em uma dificuldade deve procurar resolve-la antes que surja uma segunda, uma terceira, e assim por diante, pois resultará um emaranhado tão grande que a pessoa nem sabe como começar a resolver os múltiplos problemas. Deve-se ter em mente que qualquer problema é sempre causa e o efeito serão outras dificuldades.
O que é em baixo é como o que é em cima, PRINCIPIO DA CORRESPONDÊNCIA, portanto o PRINCIPIO DE CAUSA E EFEITO, de uma certa forma, é decorrência da própria causa cósmica, como veremos a seguir.

Desde que se tenha em mente que há uma causa anterior até mesmo para a totalidade do Universo é fácil se entender que tudo que existe tem uma causa, que todas as coisas são NADA mais do que o efeito de alguma coisa preexistente. Portanto toda causa tem um efeito e todo o efeito tem sempre uma causa, eis um ciclo cósmico de existência.

Este princípio destrói toda a nossa idéia de que algo possa existir por acaso. O acaso não existe, sempre leis e princípios regem todas as manifestações. Sempre, por mais aleatório que algo pareça ser, na realidade houveram leis, houveram coisas que contribuíram para que tal ocorresse exatamente daquela forma e não de outra.

No Universo coisa alguma é criada, toda criação preexiste. Na realidade, no máximo, podemos dizer que na natureza NADA se cria, tudo se transforma como disse o sábio francês Lavoisier.

Nós, coisa alguma podemos criar, apenas, em casos bem especiais, nos é dado a capacidade de transformar e na maior parte das vezes a rigor nem mesmo transformações podemos fazer. No mais das vezes nem ao menos pode-se efetivar uma real transformação pois na realidade o que se efetiva é uma “extração” de algo de um outro algo preexistente. Pode-se fazer surgir algo mas que já está implícito em alguma coisa. Suponhamos que um escultor faça um estatueta de madeira. A rigor aquela estatueta não é uma criação, e nem mesmo uma transformação. Trata-se de uma extração porque ela materialmente já está contida na madeira de onde foi extraída segundo a idéia do escultor. Este não poderia criar se não houvesse a madeira e nem retira-la da madeira se não houvesse a idéia. Tudo no mundo, de uma certa forma, vem da mente, até mesmo o próprio universo.

A causa da estatueta existe tanto na madeira quanto na mente do escultor, sem essas duas coisas não haveria surgimento de estatueta alguma. Ela é um efeito que tem como causa a madeira e a idéia. A madeira por sua vez é um efeito que tem como causa os elementos que se estruturaram para originá-la. Por sua vez os elementos têm como causa a energia que se organizou segundo um padrão vibratório específico. A energia teve como fonte primordial o NADA. Vemos pois que tudo é efeito e é causa ao mesmo tempo constituindo uma manifestação cíclica. Os dois princípios estão explícitos, o de causa e efeito é o ciclo, acontecendo em decorrência da natureza descontinua do universo.

A tudo está ligado algo precedente, as coisas são como elos de uma corrente, sempre tem um precedente, causa , e um subsequente, efeito. Não há corrente se não existirem os eles em seqüência.

A LEI DE CAUSA E EFEITO se analisada isoladamente, a não existência do acaso, leva a pessoa à aceitação do fatalismo como algo inerente a tudo quanto há. Muitos estudiosos profanos dos Princípios Herméticos têm incidido nesse engano terrível no qual não recai o Iniciado.

É um engano que é capaz de levar à uma degeneração do caráter. Leva a pessoa a pensar assim: Se tudo é efeito de uma causa consequentemente não há em situação alguma culpabilidade. Se existe uma causa determinante, para tudo, se existe uma lei universal fazendo com que inexista efeito sem causa logo tudo aquilo que se venha cometer é o cumprimento de uma lei , é algo que decorre de uma causa determinante vice-versa. Estabelece-se assim um ciclo sem começo e sem fim dentro do qual a pessoa jamais seria culpada dos seus próprios atos, não existiriam culpas, erro algum em seja lá o que for culposo, haveria então um destino inexorável.

Agora voltamos ao exercício mental usado em outras palestras. Por mais remota que esteja efeito este poderá ser a causa de um outro mais distante ainda em ambos os sentidos, ainda haverá uma causa possível e, por mais que tentemos examinar um efeito ainda é possível ser este causa de um outro e assim sucessivamente assim vemos que o paradoxo de Zenão se faz presente.

A criação é o resultado da transformação da continuidade do NADA na descontinuidade das coisas criadas. Como analogia podemos dizer que a continuidade seria como uma peça de um dominó e a criação uma sucessão de peças colocadas de pé lado a lado. Derrubando-se uma peça isolada ela cai de uma vez, mas o mesmo não acontece quando se derruba uma que estiver colocada dentro da sucessão de peças. Nesta condição ocorre uma onda de transmissão de quedas, uma peça é causa da queda da seguinte e vice-versa versa. Uma é causa e outra efeito e vice versa.

O ciclo de causa / efeito por ser Cósmico está no Infinito, portanto a esse nível ele é imanifesto. A origem deste ciclo está no Infinito e como o Infinito está em toda parte e em todo tempo, existe consequentemente uma forma dele ser penetrado e assim ser rompido a continuidade perene.

O CICLO CAUSA / EFEITO EMBORA INFINITO É PENETRÁVEL. [1]

Temos mostrado que na origem de tudo está o querer, que o querer é a mais significativa das faces do PODER SUPERIOR que se nos apresenta. Temos dito que tudo se faz pelo querer, que até mesmo todo o Universo é um fruto do querer CÓSMICO. O QUERER - Principio Ativo do NADA (RA) - agiu sobre a essência primordial - Princípio Passivo, receptivo, do NADA ( Ma ) - fazendo-o vibrar, e a criação se fez.

Assim o QUERER gerou o ciclo CAUSA / EFEITO e só esse mesmo QUERER pode interrompe-lo, evidentemente. O QUERER é inerente à CONSCIÊNCIA , portanto ele querer está presente onde quer que a CONSCIÊNCIA esteja e assim sendo, embora o ciclo CAUSA / EFEITO seja um dos Princípios Cósmicos na criação, ele pode ser penetrado, pode ser detido pelo querer.

Só o QUERER, portando, pode anular ou modificar o determinismo, portanto o absoluto não existe. Existe sim o destino relativo e que nada mais é do que um aspecto do Principio de Causa / Efeito.

Como vimos, o querer é u o único poder capaz de penetrar os Princípios Cósmicos citados como PRINCÍPIOS HERMÉTICOS.



Notas:

[1] - O filósofo grego Zenão propôs o seguinte enigma: Uma corrida entre uma tartaruga e o maior corredor grego Aquiles. Dizia Zenão, coloque-se uma tartaruga à uma determinada distância na frente do corredor Aquiles. Suponham que num dado momento seja dado partida simultânea de uma corrida entre a tartaruga e Aquiles. Quando Aquiles chegasse no ponto em que a tartaruga estava no início da corrida esta, por mais lenta que fosse, já haveria se deslocado um tanto para diante, quando esse segundo ponto fosse atingido por Aquiles a tartaruga, evidentemente, já haveria se deslocado um tanto para diante e assim sucessivamente. Teoricamente jamais a tartaruga seria alcançada por Aquiles. A prática, porém, mostra que isso não é verdadeiro pois rapidamente Aquiles ultrapassaria a tartaruga. Como explicar esse paradoxo ? - O espaço, tal como ele se nos apresenta, é descontinuo, como descontinuo é tudo aquilo que existe no universo criado. Portanto, entre uma fração de descontinuidade do espaço e outra é que ocorres a ultrapassagem. Se o espaço dentro do universo fosse contínuo jamais Aquiles ultrapassaria a tartaruga porque sempre haveria um ponto mais adiante para a tartaruga, por menos que fosse esse espaço, até atingir o infinito.

Dentro de um conceito muito abstrato e sutil isto é verdadeiro. Ainda não podemos revelar, escrever neste nível pois trata-se de um conhecimento bem transcendental e de uma certa forma inefável.


Venerable Academy of Hermetic Philosophy

Exclusive mystical-philosophical organization for invited Hermetic Instructors.

Contact: vafh@proton.me

=======

Venerable Academy of Hermetic Philosophy

Contact: vafh@proton.me

Venerável Academia de Filosofia Hermética

Organização místico-filosófica exclusiva para Instrutores herméticos convidados. 

Venerável Academia de Filosofia Hermética

Blog: https://vafhermetica.blogspot.com/

============


A natureza das religiões


JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.

flor
Pensamento lógico é importante
"Vigiemos nossos pensamentos, porque do pensamento provém a ação..."
Pensamento Budista


Analisamos em palestras anteriores alguns pontos que dizem respeito à natureza do pensamento, e alguns aspectos das estruturações estabelecidas a partir dele. Vimos que toda e qualquer imagem de Deus que se possa criar, quer seja ela uma imagem morfológica, ou mesmo atributiva, sempre ela é inexata. Por mais que tentemos construir a imagem de Deus, por mais atributos positivos que lhe acreditemos ainda assim ela não é verdadeira. Por mais que tentemos acabamos sempre creando uma imagem segundo nossa maneira pessoal de pensar, de perceber, e de compreender, literalmente baseada pensamentos colhidos na memória, que, conforme já estudamos trata-se de um registro limitado e deformado das coisas.


Nenhuma imagem de Deus sequer aproxima-se da realidade desde trata-se sempre de uma mera montagem estabelecida a partir de qualidades restritas constantes da memória pessoal. A partir dessa premissa, vamos tecer alguns comentários a respeito das doutrinas instituídas.

De inicio, podemos dizer que o mesmo que acontece com a imagem de Deus acontece também com todas as doutrinas e religiões existentes. Tudo o que tem sido escrito e pregado a respeito de doutrinas e religiões, na realidade, diz respeito apenas á uma estruturação também montada segundo padrões de memória expressos pelos pensamentos.

Uma religião não pode conter mais que aquilo que existe na memória do seu fundador, do iniciador. Se alguém se propõe criar uma seita, uma doutrina ou religião, no máximo ela apenas conseguem criar uma imagem segundo valores que existem registrados na sua própria memória. Isto é o que ocorre, em maior ou em menor grau com todas as doutrinas existentes.

Na verdade somente religiões estabelecidas por emissários incorpóreos que independem do pensamento é que podem ter um elevado coeficiente de verdade. Mesmo assim a estruturação e desenvolvimento da doutrina dependerá de pessoas, sujeitas ao pensar e, sendo assim, a partir disso inexoravelmente ocorrem imensas distorções.

O que acabamos de referir aconteceu com a doutrina pregada por Jesus e outros seres transcendentais, que foram totalmente modificadas, chegando a um ponto de haver um grande número de sistemas derivativos.

É praticamente impossível uma pessoa estruturar uma religião exatamente como é pregada pelo seu iniciador. O Iniciador pode até mesmo não depender do pensamento, mas os seus discípulos sim.

Quando o Iniciador tem Natureza Divina, ou quando ele ensina o que recebe pela via da verdadeira intuição, então, o que diz e sente pode corresponder à verdade, mas mesmo assim como tem que ensinar para pessoas limitadas ele percebe somente pode transmitido de forma incompleta. Aquele que escuta faz uso do pensar, e do raciocinar, e isto modela o que ouve segundo sua maneira própria de pensar.

Não temos dúvida de que Jesus quando vivenciou a existência terrena Ele concebia muito alem de todos os limites de compreensão factível aos seres humanos, contudo Ele teve que adequar e equalizar os seus ensinamentos à capacidade limitada das pessoas.

Não podemos dizer se um iniciador que detenha um corpo físico - meio limitante - possa manifestar o nível pleno da intuição, pois, como já dissemos em outra palestra, a intuição via de regra aflora através do pensamento. Sendo assim o pensamento interfere e a mensagem acaba por perder sua natureza essencial. Esta se torna tanto mais ou tanto menos mascarada por outros valores oriundos que tem como origem a própria memória e que são veiculados pelo pensamento.

Por mais verdadeira que seja uma doutrina, por mais límpidos que sejam os seus ensinamentos, temos que levar em conta que a mensagem é transmitida a pessoas e evidentemente estas não a utilizam pura por dependerem do pensamento. Muitas vezes, nem mesmo as pessoas chegam a entender a mensagem com a devida clareza e daí passam a transmiti-la de uma forma pessoal, tornando-as, muitas vezes, uma mensagem viciada. Foi assim que a mensagem trazida por Jesus logo começou a ser transmitida de forma adulterada. Os Apóstolos, mesmo havendo sofrido uma abertura de consciência, ainda assim, por serem seres canais, estavam sujeitos as limitações inerentes à natureza carnal. Os seguidores destes, em maior grau ainda, limitaram e deformaram os Ensinamentos Crísticos, que chegaram até nossa época totalmente diversificada da origem.

Na realidade pode-se afirmar que todas as religiões ensinadas não chegam atingir um nível que esteja próximo a 100% da verdade.

Agora vejamos o porquê de um paradoxo que existe entre muitas doutrinas autênticas. Uma pessoa santa normalmente atribui suas qualidades a um determinado sistema religioso e chega a afirmar que o grau atingido por ele deve-se a uma determinada religião ou a algum santo ou Iniciador. Por certo, "santos homens" integrantes do Islamismo atribuem a purificação deles a Maomé, os do Budismo a Buda, os do Cristianismo a Jesus, e assim por diante. Jacob Boehme, por exemplo, falava de suas qualidades como dádivas do Espírito Santo, e só mencionava os seus valores segundo o modelo Cristão da sua época. Se ele fosse um Islamita, ou um Budista, ou um Xintoísta, as atribuições por ele conferidas seriam creditadas a outros seres e a outros ensinamentos.

Se uma pessoa estudar a vida de Jacob Boehme, de Santo Agostinho, de Lao Tsé, e uma gama imensa de pessoas que podem ser consideradas santas, verá que são bem diferentes naquilo que acreditam como religião. Uma Santa Teresa D'Ávila, um São Francisco, e tantos outros não admitiriam que alguém pudesse se santificar em outras doutrinas que não fosse o catolicismo. Assim acontece com muitos religiosos, eles não admitem salvação que não seja procedida em consonância com a religião que professam.

Muitas pessoas de elevado nível espiritual professam religiões que têm valores totalmente diversos entre elas e sendo assim persiste a indagação sobre qual delas é verdadeira. Se analisarmos com esta questão veremos que em todas as épocas existiram espíritos bem iluminados professando as mais diversificadas religiões, muitas destas falando o oposto uma das outras, e que ainda assim eles encontraram nelas o caminho verdadeiro.

Algumas vezes uma "pessoa santa" afirma uma coisa e uma outra chega até mesmo a afirmar o inverso, a dizer de forma totalmente diferente e mesmo assim a vida que levam pode ser considerada altamente espiritualizada. Por isto fica-se sem entender o porquê de valores heterogêneos poderem levar conduzir o ser a um mesmo ponto. Na realidade é assim porque se não fosse jamais alguém se purificaria desde que seja qual for o sistema este não é verdadeiro em sua plenitude, pois se tratam sempre de sistemas montados mediante pensamentos, segundo enfoques pessoais e coisas assim.

O que é significativo é que a pessoa purifica-se não pela religião em si, ou por algum dos poderes do seu Iniciador, mas sim por si mesmo. A religião age apenas como um suporte limitado, por uma metodização do viver pessoal. No máximo ela pode apresentar em seu contexto doutrinário ensinamentos que mesmo sendo limitados e não perfeitos ainda assim, se forem aceitos e praticados facilitam a caminhada da pessoa na busca da iluminação espiritual. Os valores mencionados pelas doutrinas são assimilados e praticados e assim a pessoa caminha passo a passo de encontro a Luz e na medida em que caminha amplia sua capacidade intuitiva e pode continuar assim na senda da purificação.



  


A ilusão do tempo



JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.

"Seja vão e que tudo pareça real"
U. Foscolo



Quando se diz que o ser tem que se libertar da Mente, na verdade o que se pretende dizer é que ele tem que se libertar das limitações que são a mente.

A consciência contém o todo e a parte. Mesmo que se considere ilusão ainda assim as partes, de certa, forma existem e se existem devem constar no “É”. Seja qual for a coisa, ou condição, que real ou ilusoriamente exista deve fazer parte do “É”, logo é parte integrante da Consciência.

A mente se existe, quer ela seja realidade ou ilusão, está presente no “É” . Como o “É” se trata de um registro pleno poderia como tal deixar de conter todas as ilusões? Tudo o que faz parte do “É” não se extingue porque o “É” é eterno desde que ele está fora do espaço-tempo.
Sejam como realidades ou como ilusões os elementos constitutivos da mente aprisionam o ser, setorizando e limitando a percepção que se tem da Consciência. No conto dos cegos e do elefante a condição do não ver o animal por completo, sem dúvida, o limita. Assim também há condições que limitam a Consciência condicionando e limitando a percepção. É preciso que se tenha uma compreensão exata sobre a natureza dos elementos limitantes que em sua totalidade compreende a mente.

Um dos principais meios que limita a percepção do todo é a falsa idéia de tempo linear. O Tempo, como algo absoluto, é o mais importante elemento presente na Consciência, mas como no processo do “se ver em parte” ocorre o surgimento então esta modifica o tempo absoluto gerando o tempo seqüencial – tempo linear, ou tempo cronológico.

A única realidade está representada como o “É”. Coisa alguma está fora dele, pois se fosse de outra forma não seria infinito. No “É”, em termos de tempo, só existe o Eterno Agora, portanto não há passado e nem futuro, somente presente. Transportando ao sentido gramatical poderemos dizer que no Eterno Agora só há o tempo verbal presente.

É a mente quem gera a idéia de passado e de futuro e isto funciona de forma fazer parecer que existem dois mundos distintos, o Transcendente e o Imanente. Na verdade o Imanente se baseia na condição de manifestação parcial da Consciência. No conto do elefante, para os cegos a parte percebida por cada um representaria o elefante. Na Consciência ocorre o mesmo, a parte percebida por cada ser compõe um mundo distinto – mundo imanente – mas que não é o verdadeiro mundo-Transcendente. A percepção parcial é que motiva a existência aparente de um outro mundo – Imanente.

O não perceber o tempo como algo absoluto e infinito gera a ilusão de tempo linear. Nesta condição ele se apresenta de forma tríplice: passado, presente, e futuro. Mas, a ilusão do tempo é tão marcante que faz com que seja tremendamente difícil a pessoa de dissociar dela. O Imanente é um mundo baseado em passado e futuro e onde não há lugar para o presente, para o agora. Quando é o presente – agora? Jamais ele é encontrado no Mundo Imanente, neste mundo que aceitamos como algo real e concreto. Voltamos a lembrar um exercício mental que já utilizamos em outras palestras. Tome como exemplo uma hora qualquer como, por exemplo, Meia Noite. Quando ocorre a meia noite? Quando é o agora da Meia Noite? Faltam 10 minutos, falta um minuto, um segundo, um nanosegundo, e assim por dia nesse processo cada vez o tempo faltante diminui, mas quando é que ele zera? Em nível de tempo linear jamais se chega a atingir a Meia Noite. Isto tende para infinito, portanto somente no infinito ocorre o agora, contudo quando isto acontece, em se tratando de Infinito, já não é mais Imanência e sim Transcendência. Tempo infinito é Eterno Agora uma condição somente existe como o “É”. Por outro lado, no “É” – Eterno Agora – não pode haver nem passado e nem futuro, pois tudo “ali” é presente, tudo é agora. Mas, ver isto é ver a totalidade. As partes do elefante são as partes do tempo, é como se fosse tempo fracionado, o que equivaleria a dividir o Tempo Absoluto, que equivaleria a dividir o indivisível.

Vemos que ao se falar de Mundo Imanente tem-se que eliminar o presente onde somente os únicos tempos verbais aplicáveis são passado e futuro. Contudo, devemos examinar o passado. Esta é uma condição que só existe no presente. Algo que sentimos, como passado, quando ocorreu ele era presente. Considere uma ação qualquer do passado e veja que ao ocorrer ela era presente. Então como é que fica, se o agora – o presente – não existe! Então o passado só existiria no Transcendente, mas já dissemos que no Transcendente o que existe é o Eterno Agora em que não pode haver passado e nem futuro, pois se assim não fosse aquilo perderia a condição de Eterno Agora. Como então sair desse paradoxo? Entendendo-se que tudo é “agora”, que passado e futuro são artifícios da mente e, desde que não põem existir tanto no Mundo Imanente quanto no Transcendente. Assim há de se convir que aquilo que se acredita ser o passado é uma mera ilusão, um artifício da mente que diz respeito à percepção limitada ao nível de Consciência.

Evento algum ocorre no passado, pois quando ele ocorreu era presente, e se presente ocorre no “É”. Presente é uma condição única do Transcendente. Isto mostra que a idéia de passado é um artifício mental, e que tudo ocorre no presente, tudo existe e ocorre somente no “É”.

A análise do passado mostra claramente que o mundo imanente é pura ilusão. Trata-se de uma armadilha da mente cujo objetivo é assegurar a individualidade e a manutenção do Ego


********************


A importância dos Princípios Herméticos



JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.

" A virtude não consiste na indigência,

muito menos na opulência, mas na
siplicidade da vida."
Do Caminho Óctuplo - BUDA


fogo
O Fogo é um dos símbolos da Ordem
Assim como é em cima é embaixo...

O que está expresso nesta declaração faz parte dos chamados Princípios Herméticos - Princípio da Correspondência - sido a base dos ensinamentos de Thoth e aceito como verdade fundamental das mentes conscientes.

Nesta afirmativa Thoth indica que o mundo objetivo é apenas um espelho do céu, ou seja, que os padrões existentes no mundo inferior são reproduções dos padrões do mundo superior, existindo, portanto uma conexão íntima entre o divino e as formas exteriores que constituem o mundo imanente.
O imenso cabedal de ensinamentos de Thoth, em parte, é descrito numa obra conhecida pelo nome de Corpus Hermeticum.

No Corpus Hermeticum ensinamentos cosmológicos são apresentados sob a forma de diálogos entre Hermes - Thoth - e várias outras deidades egípcias, inclusive Ísis. Estudiosos mostram que trata-se de um texto verdadeiramente original.

O conteúdo da mencionada obra, em sua maior parte é composto pelo que Thoth escreveu sobre a polaridade do universo definindo-o em termos de treva e luz, de mal e bem, e assim por diante. Ele faz ver a polaridade do mundo imanente e não no sentido de dualismo cósmico. Isto está bem claro quando diz "...semelhante e dessemelhante são uma coisa só...", significa exatamente o principio da polaridade.

Pelos ensinamentos de Thoth foram estabelecidas as bases que constituem os ensinos das várias organizações de estudos herméticos no que dizem respeito à visão do mundo.

Realmente a visão universal hermética tem muito em comum com a filosofia de Platão.

Indubitavelmente para os antigos egípcios Thoth era " a personificação da Mente de Deus, o Mestre Supremo de Sabedoria. Essencialmente a religião dele era a Religião da Luz. Como Luz era o Pai da Religião de Iluminação (os Mistérios da Luz e de um Nascimento divino), assim era Vida, o cônjuge dele, a Mãe da Religião de Alegria ". (TGH)

Nem todos os estudiosos, mesmo muitos que integram grupos de estudos direcionados já chegaram à conclusão de que os Princípios Herméticos não são apenas simples condições inerentes ao universo, ainda não se deram conta de que na realidade eles constituem a própria base de tudo quanto há.

Certamente a "Árvore da Vida" da Cabala representa a planta arquitetônica de tudo quanto há no mundo da Imanência, o seu "modus faciendi" enquanto que os Princípios Herméticos podem ser considerados como o "Modus Operandi", ou seja, a manifestação da Lei.

Isto que estamos falando indica que os Princípios Herméticos manifestam-se segundo um modelo que é representado esquematicamente pela "Árvore da Vida" e não segundo um padrão aleatório. A árvore é o modelo de organização do caos cuja distribuição ordena-se mediante desdobramentos da Lei manifestada consoante aos princípios Herméticos.

Podemos considerar que em tese todos os princípios resumem-se em um só desde que eles estão intimamente relacionados entre si sendo difícil estabelecer o limite onde termina um e tem início o outro, pois geralmente eles interpenetram-se. Naturalmente não poderia ser diferente desde que apenas existe UM.

Inicialmente ao estudar os 7 Princípios Herméticos o discípulo não percebe o quanto eles significam, ao nível de conhecimentos que eles encerram. Não podemos afirmar o percentual exato, mas acreditamos que 99% de tudo quando se percebe no mundo imanente são manifestações ligadas ao Princípio da Vibração. " Nada está parado, tudo se move, tudo vibra " - O Cabailion ".

Obviamente a vibração é a base de todo o universo imanente, de toda creação. Na verdade somente as manifestações daquilo que temos em algumas palestras de "Faces do Poder Superior" é que não vibra, ainda assim aqueles que conseguem penetrar no entendimento sobre o 9º Princípio, correspondente à "Nona Hora" mencionada no Nuctemeron de Apolônio de Tiana, sentem que não podem ser consideradas fora do limite dos Princípios Herméticos.

É pela vibração que a absoluta unidade de Deus manifesta-se na imensa variedade dos mundos. - Huberto Rhoden.
O limite das percepções faz com que a mente aceite a existência de princípios independentes quando na realidade só existe UM.

Leis e mais leis são mencionadas pela ciência, mas todas resumem-se numa só.

Indubitavelmente vivemos na terra imerso num oceano de vibrações que nos cercam por todos os lados, e isto tem grande significação em decorrência da ressonância vibratória. Quando estudamos algumas peculiaridades das vibrações no temas iniciais falamos que nunca um som mantém-se isolado. Qualquer som geral outro sons.

Mesmo que apenas uma corda de um piano seja percutida não ocorre apenas a nota correspondente isoladamente, pois inúmeras outras cordas vibram em uníssono mesmo sem que hajam sido percutidas.

Isto que estamos falando não diz respeito somente à uma nota musical mas a tudo quanto existe. Uma vibração qualquer ressoa num incalculável número de coisas existentes, e quando nos referimos a coisas estão incluídos também os seres vivos em geral e o humano em particular.

Temos que considerar que somos seres inter-agentes com todo o Universo desde que estamos sujeitos às leis que regem o movimento vibratório. Se nossa constituição física é material e matéria nada mais é do que manifestação vibratória logicamente vivemos sujeitos às leis da ressonância vibratória.

Esta palestra é o preâmbulo de uma temática de imensa significação, mas que mesmo assim tem sido totalmente negligenciada pelas pessoas - os sons.



Indagações sobre o Limite

JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.

Antes da creação, onde existia Deus? É uma indagação que pode ser feita? - Num outro mundo! - Na verdade é uma maneira bem cômoda se dizer que existem dois mundos, um imanente contido num outro infinito transcendente, e que Deus existia neste antes da creação.

A admissão da existência de dois mundos distintos gera dificuldade quando se tenta entender o como existir dois mundos interligados sem que exista um terceiro que seria exatamente aquilo que liga os dois mundos. Se existir esse elo de ligação, então, têm que ser considerados três elementos e não apenas dois; o Transcendente, o Imanente, e o “elo de ligação” entre eles. Se não existir um elo de ligação entre os dois mundos, então eles são uma mesma coisa. Se existissem coisas independentes não existiria o absoluto. Aceitar a existência de coisas independentes como partes de algo absoluto requer a existência de um elo qualquer as ligando ao próprio absoluto.

Se existisse um mundo “imanente” e um outro “transcendente” sem que existisse um elo de ligação íntimo entre eles, por certo eles seriam totalmente independentes e, conseqüentemente, nem um e nem o outro poderia ser considerado absoluto. O conceito de independente é essencialmente relativo; algo é independente de outro, em tal ou qual nível, mas jamais em todos os níveis.

Numa outra palestra falamos de uma limitação que o Creador tem e que consiste na impossibilidade de criar o “dois” sem o “três”.

Não podem existir coisas independentes quando existe algum elo de ligação. No Cosmo tudo está unido, entre os dois mundos o elo é chamado de Fohat. Isto é valido, mas nesta palestra o nosso objetivo é abordar este questionamento à luz dos Princípios Herméticos, especialmente clarear mais o “Limite” e a “Unicidade” da existência.

Quando tentamos entender o onde termina um mundo e começa o outro nos vemos diante da importante indagação: Qual é o limite entre os mundos? O que é que estabelece o limite entre cada um deles? - Ou os mundos seriam totalmente independentes, o que anularia o Absoluto, ou existe uma “ponte de união” entre eles. Mas, mesmo admitindo-se a existência daquela “ponte” ainda assim permanece presente a mesma indagação. A pergunta permaneceria sem resposta e caberia esta outra: O termina um mundo e começa a “ponte”, onde esta termina e começa o outro mundo? O que serve de limite tanto à ponte quanto ao mundo? Mesmo admitindo-se que os dois mundos - não só ao mundo quando à qualquer coisa que se considere - fossem independentes a mesma indagação persiste: O que limita os mundos, o que limita as coisas?

Se as coisas fossem independentes entre si não poderia haver intercomunicação de quaisquer naturezas entre elas. Para ser plenamente independentes, é claro que entre elas, deveria existir um vazio absoluto, e no vazio não pode existir propagação de algo. Toda propagação exige um meio no qual ela se processa. Sem alguma forma de união cada coisa seria absoluta em si mesma e como não pode existir mais que um absoluto, então não existe independência plena.

Sempre nos defrontamos com a indagação a respeito do onde termina um mundo imanente e começa o elo, e do onde termina o elo e começa o mundo transcendente. Mas a indagação principal é: O que existe que possa ser considerado como limite entre os dois mundos ou entre duas coisas sejam elas quais forem? Onde termina o mundo imanente e começa o transcendente, o que os limita? Se existisse o elo de união, onde ele começa e termina? O que serve de limite entre o elo e os mundos? Também onde termina o imanente e começa o elo de união, e onde termina este e começa o transcendente. Tem que haver um limite, que limite é este, ele consiste em que?

Para que existam dois mundos é mister a existência de um elo, de uma ponte de união entre eles e isto nos obriga a buscar o onde termina um e começa o outro. Então vem a pergunta: O que estabelece a fronteira entre os dois mundos; o que constitui o elemento limitante?

Vamos analisar a matéria, vamos dividi-la até o nível das mais elementares subpartículas atômicas. Se existem partículas como unidades, então se pergunta: O que estabelece o limite entre uma subpartícula e outra? Um campo de força? Em que se propagaria a força? Num vazio absoluto não, no nada não poderia haver propagação alguma, pois se assim fosse aquele meio não seria o nada. E mesmo assim o que separaria a subpartícula do “nada”? O que separa, ou seja, o que serve de delimitação entre a subparticula e energia, ou entre esta e aquele algo que a antecede? - A própria condição de separação implica na presença de um elemento separador que serve de limite. O que é isto? Se formos dividindo as coisas chegamos até um nível de infinito, o mesmo acontecendo se formos ampliando. Apliquemos este mesmo raciocínio ao tempo e veremos que acontece o mesmo; o que separa um momento de outro momento. Qual a fração mínima de tempo? Na verdade não existe fração mínima de tempo, pois este sempre pode ser dividido até o infinito que é Uno.

O que dissemos a respeito do limite das coisas e do tempo também é valido para tudo quanto existe. Assim sendo vejamos a numeração. Quantos números positivos – maiores que 1 - existem? Quantos números negativos – menores que 1- existem? Quantas frações de número existem, por exemplo, entre 1 e 2?

Temos mostrado muitos casos em que a indagação sobre limite conduz à uma só conclusão: O Infinito. Quando se busca o limite de algo sempre se chega ao infinito. Na verdade não existe algo que possa ser considerado elemento limitante a não ser o Infinito.

O infinito está dentro e está fora de tudo. Na contagem ele sempre está entre dois números quaisquer que sejam eles, inteiros ou fracionários. Tudo o que for fracionado seguidamente chega-se ao Infinito e ser cada fração for por sua vez fracionada chega-se a um infinito de frações. Dentro de cada fração, novas subfrações e assim sucessivamente. Dentro de cada fração existem novas frações sendo o limite desta seqüência apenas o próprio Infinito, por isso se pode dizer que o dentro e o fora do infinito é o próprio infinito, que Tudo é Infinito.

Sempre que alguém faz escalada ela defronta-se com o infinito, não chega à coisa alguma além de Infinito, não passa daí, pois o infinito não pode ter limite algum, pois se o tivesse ele deixaria de ser infinito para se tornar finito. O Infinito simplesmente é sem limite por ser ele o limite, o limite de si mesmo. Esse tipo de análise nos conduz à uma única à conclusão lógica: Só existe uma coisa, o Infinito, tudo o mais são aparências, são ilusões, são o “mundo de maia”.

********************

Explorando o NADA

JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.

Na tentativa de desvendar a origem do universo físico, a ciência tem especulado a respeito do que existia antes, ou sobre a fonte original. Durante muito tempo foi dito que ele teve origem do "nada", mas isto leva à indagação: O que é o nada? - A esse respeito vejamos o que nos diz a ciência atual sobre aquela condição chamada de "nada". Assim transcrevemos um excelente artigo que situa o pensamento dos físicos quânticos, escrito pelo comentarista cientifico Manoel Barbosa, publicado com o título de Tecnologia do Conhecimento no jornal Diário de Pernambuco em 1995.
A inesgotável riqueza do nada:

"O 'nada' - ou os vazios quânticos - é uma das principais preocupações da ciência, atual. No 'nada', desconfiam os cientistas, parece está a matriz do Todo. Ou de tudo. Ou do universo material em que vivemos. 'O vazio está cheio de alguma coisa que não é matéria', define Henri Laborit, biólogo francês conhecido pelo seu materialismo radical e a intolerância com as tendências místicas de alguns cientistas. No vazio quântico há tudo e nada, ao mesmo tempo. Alguns físicos simplificam a questão e dizem que no vazio/nada há 'informação' assim pensava o brasileiro Mário Schemberg. Laborit considera essa definição insuficiente e dá uma explicação mais elaborada para o conteúdo do 'nada': 'Variações de campos elétricos provocados pelo epicentro da matéria e que persistem quando a matéria já lá não está'. Outro físico, David Bohm, fala de 'ordem implícita'. Ele quer dizer: a matéria está implícita no 'nada'- no vazio há pré-forma; é o molde invisível do molde visível - que somos nós e asCoisas. Beneviste, pesquisador francês, provou que a matéria tem memória. Realizou experiências mostrando que, quando a matéria deixa de existir num ponto, ficam os vestígios. Até água deixa esses vestígios - ou memórias. As experiências de Benveniste foram testadas em vários laboratórios e os resultados comprovaram a afirmação, à primeira vista fantástica[1]. Burr e Sheldrake, dois biólogos, dizem ter identificado 'campos de vida', ou campos morfogenéticos. É mais ou menos como a "ordem implícita" de Bohm no reino biológico: cada organismo teria uma pré-forma da qual os genes seriam apenas mensageiros materiais. Esse conceito também é chamado de 'modelo organizador biológico'. Einstein, no seu intuicionismo avassalador, pensou ter identificado no universo essa força invisível contida no 'nada' - a ordem implícita de Bohm - e a incluiu num sistema conhecimento como 'constante cosmológica'. Desacreditada - e até repudiada pelo próprio Einstein, depois - a constante foi recentemente reabilitada com as descobertas do Telescópio espacial Hubble. Aliás, com a não descoberta, pis o Hubble não detectou a chamada 'massa invisível'. Essa massa era a explicação dada pelos astrônomos para ocorrências cósmicas inexplicáveis pelo volume de massa visível. Ou seja: a massa detectável no universo não bastaria para produzir o próprio universo. Deveria haver massa oculta e que constituiria 90% de todo o cosmos. O Hubble demoliu essa crença e pôs no seu lugar uma explicação parecida com a constante cosmológica. A de que há alguma coisa muito poderosa no "nada" dando origem ao todo - e muitos até a estão chamando de Deus. Para o físico inglês Stephen Hawking isto não é novidade. Ele já vem falando da 'mente de Deus' para justificar o comportamento da matéria que volta para o "nada" pelas goelas dos insaciáveis buracos negros e atravessa a barreira do tempo".

Vemos, então que a própria ciência, com embasamento matemático, nega a existência de um "nada absoluto", quando afirma existir algo indefinível, indetectável, inefável, fonte de "informações" além do Universo. Este pensamento da ciência moderna está em conformidade com o pensamento dos místicos de alto nível de todos os tempos, especialmente os orientais, habituados à meditação sobre conceitos metafísicos elevados. É exatamente num nível além do universo, ou seja, naquele "nada quântico" referido pela ciência atual, que eles colocam Deus, o Poder Superior Criador.

A fonte de todo o conhecimento, o propósito primeiro de tudo quanto foi criado, e mesmo daquilo que ainda não foi criado, existe ao menos como "informação" na citada "Inesgotável Riqueza do Nada", pois ali tem tudo e tem nada. A ciência tem usado outras expressões para indicar o que transcende o mundo das partículas constitutivas do universo detectável. Para isto usam muitas expressões, entre elas: "Pré-forma da forma" ou "Ordem Implícita" de Bohm, ou "Modelo Organizador". Essas expressões são irrelevantes porque nomes específicos não modificam as conclusões o que importa é que além da estrutura da matéria existe uma fonte de consciência.

A própria ciência tem indagado sobre coisas abstratas como pensamento e consciência, indagado também se o próprio pensamento também é feito do "nada". Para a filosofia perene - o conjunto do saber antigo, originado no oriente - a consciência é o próprio "nada". Psicólogos - freudianos e comportamentais, neuro-fisiologistas, e biólogos têm tentado em vão identificar a substância mental e a sede da consciência. Ai surge uma outra dúvida: a consciência é uma propriedade apenas do ser humano ou os animais, e a própria matéria, também a tem? No caso, a consciência - como a mente - seria algo especial, substrato do Todo, ou apenas produto de interações neuro-quimicas de um organismo? Isto para a ciência ainda é um mistério insondável embora que para o místico seja algo bem claro - a consciência é um aspecto do próprio Poder Superior. O que também queremos enfatizar é, mesmo que tudo isto sejam reações da própria matéria biológica, ainda assim o potencial já estava implícito na origem. Desta forma todas as reações dos seres vivos nada mais são do que exteriorizações implícitas na fonte da própria energia que originou todo o universo, portanto não se tratam de algo inerente ao mundo objetivo, de algo gerado pela matéria, mas sim apenas de algo manifestado através dela.

Técnicos que buscam criar inteligência artificial (organismos cibernética) não desistem do propósito de construir máquinas conscientes e se isto chegar a ser possível, a questão está respondida dentro da conceituação mística; "Onde quer que se faça presente uma estrutura apta a manifestar consciência ela ali se fará presente, desde que se trata de um Poder que inunda todo cosmos".

Um dos maiores pesquisadores na área da "inteligência artificial", John Mc Carthy, acredita que dentro de algumas gerações as máquinas comportar-se-ão como se tivessem cérebros iguais aos cérebros humanos, e que não está distante o tempo em que elas serão dotadas até mesmo de paixões e sentimentos.

Ao místico não causará espécie se isso vier a acontecer, desde que tal coisa não invalida a idéia da existência de um Poder Superior, bem pelo contrário, será um reforço à idéia de que existem manifestações de algo absoluto, presente em todos e em tudo. Se tal vier a ocorrer, uma máquina dotada de inteligência a mencionada qualidade não será algo inerente à máquina e sim a algo manifestado através dela, algo que procede da "Inesgotável Riqueza do Nada", do "Vazio que está cheio de alguma coisa que não é matéria", daquele chamado "Vazio Quântico" - denominações dada pela ciência -. Isto é básico na metafísica espiritualista que considera a consciência como sendo um dos aspectos do próprio "nada", e se manifesta onde quer que exista algo, e segundo o modo peculiar de cada coisa. Assim sendo ela se manifesta de uma forma numa pessoa humana, de uma outra num vegetal, num mineral, ou mesmo numa máquina, desde que tudo é mente no universo, portanto tudo tem consciência.
elementos da creação

Partículas da creação
A teologia se divide em duas correntes: Dualista e Monista. As religiões que podem ser consideradas monistas estritas são exatamente aquelas que falam de uma causa primeira, abrangente, imanente em todas as coisas, de onde tudo proveio e para onde tudo voltará, causa esta que tanto está no universo quanto fora dele, e assim sendo totalizando exatamente o "nada". O dualismo considera a existência de distintas coisas no universo, mas isto vai em oposição ao que a ciência tem como certo, a existência da criação a partir de um ponto único, o mesmo que afirmam muitas religiões, em especial aquelas que derivaram dos Vedas.
As religiões místicas, predominantemente orientais, falam e um Deus metafísico. É o Deus das religiões orientais, Deus dos filósofos, tanto que chamá-lo de Deus pode ser considerado um engano por não se tratar de um "ente" mas um "princípio". É o principio do ser imutável, ao mesmo tempo em que é, também, a fonte de todo o porvir, a fonte de toda atividade, o UM do qual procede toda multiplicidade, e que na China é chamado Tao, o "Caminho", na Índia de Brahmân, o imutável, e em algumas doutrinas Poder Superior, ou o "Deus de Spinoza" o Uno, o que não depende de nada, livre de sentimentos e paixões, que está dentro, que é infinito, conteúdo e continente de tudo quanto há.

A ciência, com embasamento matemático nega formalmente a existência de um "nada" absoluto, quando afirma existir algo indefinível, indetectável, inefável, fonte de "informações" além do Universo objetivo detectável. Este pensamento da ciência moderna está em conformidade com o pensamento dos místicos de alto nível de todos os tempos, especialmente os orientais, habituados à meditação sobre conceitos metafísicos elevados. É exatamente num nível além do universo, ou seja, naquele "nada quântico" referido pela ciência atual, que eles colocam Deus, o Poder Superior.

Numa máquina dotada de inteligência esta não será algo inerente à máquina e sim a algo que apenas se manifesta nela desde que, se tudo faz parte da "Inesgotável Riqueza do Nada", do "Vazio que está cheio de alguma coisa que não é matéria", daquele chamado "Vazio Quântico" - denominações dada pela ciência-. Isto é básico na metafísica espiritualista que considera a consciência como sendo um dos aspectos do próprio "nada", ou, indo mais longe, ela é o próprio "Nada", ou Poder Superior - termo religioso - que se manifesta onde quer que exista algo e segundo o modo peculiar de cada coisa. Assim sendo a consciência se manifesta em tudo quanto existe, mas de uma forma peculiar em cada coisa; de uma forma numa pessoa humana; de uma outra maneira num vegetal, num mineral, ou mesmo numa máquina. Já dizia Hermes, "Tudo é Mente" ou como as doutrinas védicas afirmam "O Universo é Mental". Sendo assim, desde que tudo é mente no universo, logo tudo tem consciência nas devidas proporções.

As religiões que podem ser consideradas monistas estritas são exatamente aquelas que falam de uma causa primeira, abrangente, imanente em todas as coisas, de onde tudo proveio e para onde tudo voltará, causa esta que tanto está no universo quanto fora dele, e assim sendo totalizando exatamente o "nada".

No primeiro livro que editamos falamos de psicólogos e de consciência celular. Na época da primeira edição essas afirmativas eram consideradas heréticas, mas hoje é a própria ciência, em especial cientistas adeptos da física quântica, que isto Este livro está mais direcionado àquilo que está por trás do miasma, e isto nos leva a analisar com detalhes as propriedades do intelecto, da memória e do pensamento, o que será feito em um outro capítulo. Alguns metafísicos, filósofos, e cientistas indagam se o pensamento também é feito do "nada"? Para a filosofia perene - o conjunto do saber antigo, originado no oriente - ela é o próprio "nada". Indagam o que é o pensamento e em que ele se diferencia da consciência.

Como mencionamos antes, os neurofisiologistas e psicólogos têm em vão tentado identificar a sede da consciência, sem que até agora hajam chegado ao menor indício de sua localização. Mas, podemos afirmar que sejam quais forem as circunstâncias, a consciência e assim também todas as qualidades inerentes à mente, pré-existem, isto é, antecedem à forma, pois que antes de qualquer estrutura tudo já estava implícito no ponto gênese do universo. Como não existiram dois pontos de origem, então não se pode negar que tudo quanto há e se manifesta de alguma forma, já estava reunido numa só condição - ponto primordial da criação - conforme o Big. Bang (Fiat Lux) que se desdobrou em miríades de coisas. Houve uma fragmentação colossal atingindo não apenas da energia, mas também todas as condições imateriais existentes. Embora isto seja um mistério insondável para a ciência oficial não o é para os pensadores metafísicos e místicos.

Analisando esse tipo de questionamento, o neurofisiolgista Kant Klavans chama a atenção para uma dessas características, a "prioceptividade inconsciente" que se refere ao modo como o corpo sabe como cada uma de suas partes ocupa um espaço. Seguindo essa idéia muitos biólogos preocupam-se com outra questão
A visão unista difere da dualista apenas no que diz respeito à objetividade. No dualismo Deus se manifesta objetivamente como polaridades, enquanto que no unismo como potenciais em que não há polaridades, pois o que é uno não pode comportar polaridade alguma.

Dizem as Doutrinas Tradicionais Antigas: A Consciência Cósmica, no processo do "ver a si mesma", se projeta sob dois aspectos: Um, que consiste na creação de "espelhos" para nele se refletir - coisas limitadas e fragmentárias que refletem leis e princípios, ou seja "substratos" nos quais ela se manifesta - e outro, que consiste no aspecto "Purucha" que é a própria consciência essencial - "dando conta de si mesma" a partir dos elementos constitutivos do outro aspecto "Prakriti".


********************




Notas:

[1] - De inicio as conclusões de Beneviste foram muito criticadas, e ele até mesmo afastado dos meios científicos. No entanto muitos pesquisadores silenciosamente deram continuidade ao trabalho daquele cientista, chegando às mesmas conclusões e até mais. No Brasil na UNICAMP este assunto em sido pesquisado com muita seriedade e as conclusões comprovam o que Beneviste afirmou com relação à água.

Esta matéria faz parte do livro: HOMEOPATIA - Conceitos Filosóficos - Visão Metafísica da Angústia existencial.
Onde adquirir:
Editora ROBE Tel. (011) 220.6620 e 221.2187


BIBLIOGRAFIA.

BOHM, David - Ordem Implícita e Ordem Superimplícita.
Diálogos com Cientistas e Sábios - Cultrix - S. Paulo
CAPRA, Frijof - A Teia da Vida - Ed. Cultrix - São Paulo
EINSTEIN, Albert - ´The meaning of rrelativity - 5ª Ed. Princeton University Press.
KRISHNAMURTI / DAVID BOHM - O Futuro da Humanidade - Edt. Cultrix - S. Paulo.