O que é real?

JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO  F.R.C.

"É mais sábio aquele que duvida..."

Tema 56
1976- 3328

Sábio é aquele que duvida, assim começamos esta palestra. Somente através da dúvida é que muitas vezes se pode chegar à verdade.

Através do tempo muitos pensadores tiveram grande dificuldade em afirmar algo como uma realidade. Para um pensador, mergulhado na análise filosófica dos problemas do Universo, o sentido de realidade é tão sério que os orientais filiados a algumas correntes de pensamento chegam a dizer que este mundo é o mundo de Maya, o mundo das ilusões, o mundo onde nada é verdadeiro. Para outros, o Universo nada mais é do que uma forma de pensamento, uma ideia na Mente de Deus. Tudo isto não é tão absurdo quanto parece ser. Para um pensador que não tenha conhecimentos profundos de metafísica é fácil enveredar por um caminho que necessariamente o levará a tirar conclusões de que vivemos num mundo irreal, num universo de ilusões. Tanto é assim que o grande filósofo e matemático René Descartes chegou a duvidar metodicamente de tudo, e julgar importante e possível vencer a dúvida, evitando-a. Usou, para chegar à certeza, o caminho da dúvida, o que o levou à admissão do “Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo).

Começaremos afirmando que nada é mais falho do que as definições de dicionários e enciclopédias sobre o significado de Realidade: Realidade é aquilo que existe efetivamente. Esta definição nos leva a uma pergunta: O que existe efetivamente? Como se ter a certeza de que algo existe? A definição ficaria mais completa assim: “Realidade é aquilo que existe efetivamente em nossa consciência objetiva”.

Quando começamos a analisar subjetivamente qualquer fenômeno, como o fazem os místicos e pensadores, surge uma seqüência de dúvidas sobre a realidade das coisas.

Na Idade Média surgiu um movimento filosófico que considerava o conhecimento do mundo exterior como realidade objetiva e que se denominou REALISMO. Claro que aquele sistema ruiu facilmente diante de uma linha de raciocínio mais profundo porque, diante de fatos da vida real, ele se mostrou inadequado. O alvorecer da ciência atual completou a destruição daquele sistema, pois a própria ciência lançou esplêndida parcela de dúvidas sobre a quase totalidade dos registros objetivos, que no passado somente eram feitos através dos sentidos físicos. Foram as descobertas científicas que demonstraram que os registros sensoriais pouco significam, que eles são errôneos em grande parte.

Procuraremos inicialmente situar o problema dentro dos conhecimentos referentes às manifestações vibratórias e por certo poderemos tirar conclusões deveras interessantes. Tudo aquilo de que tomamos consciência no mundo material chega ao cérebro através de ondas de natureza vibratória e, graças às variações de frequências, é que dizemos: ouvimos algo, vemos algo, sentimos algo, etc. Escolhamos algo para análise. Aquilo que tomarmos em consideração emite vibrações para os nossos órgãos sensoriais, do contrário não detectaríamos nada e aquilo não existiria para nós. Conforme o órgão que detecta as vibrações é que o cérebro registra um som, uma cor, uma forma, etc.

Se quisermos analisar mais profundamente aquele emissor chegaremos logo à conclusão de que ele não emite apenas aquelas radiações que detectamos diretamente. Suponhamos um aparelho de rádio. Ele transmite ondas sonoras aos nossos ouvidos, mas paralelamente ele emite também outras vibrações indicadoras de cor, de temperatura, da sua forma, e muito mais coisas que simultaneamente são transmitidas e não são conscientizadas.

A ideia que fazemos de um objeto qualquer é o resultado do somatório das vibrações detectadas, mas isto não indica que temos consciência total de tudo o que é emitido. Disto advém que nunca temos consciência completa de um objeto, mas tão somente consciência de algumas informações fragmentárias.

No comentário que fizemos a respeito das características das manifestações vibratórias, dissemos que vivemos mergulhados num turbilhão de ondas das mais diversas frequências, e que um emissor nunca emite somente uma mensagem vibratória, uma informação única e isolada. Citamos que um transmissor de rádio não transmite somente ondas sonoras, pois alguém que estiver perto dele verá a sua forma, sentirá o calor do aparelho, etc., e, se alguém fosse dotado de outros órgãos sensoriais, registraria muito mais coisas. Isto ocorre porque temos poucos órgãos sensoriais, que nos levam a ter ciência apenas de uma parcela da natureza do emissor.

Outro ponto que vale ser assinalado diz respeito à conscientização de um mesmo evento procedida através de órgãos sensoriais diferentes.

Consideremos uma corda de um instrumento musical. Ela produz unicamente vibrações que são detectadas pelo órgão da audição, e no cérebro se processa a conscientização de som. Contudo, se a mesma corda tivesse contato com alguma parte do corpo a pessoa sente como que um “tremor”, uma vibração. Assim a corda está produzindo uma mesma coisa, mas que é conscientizada como sendo duas diferentes. Isto decorre de haver sido captada por dois órgãos sensoriais diferentes. Perguntemos o seguinte: O que é um som para um surdo, desde que ele sinta o fenômeno através do tato? É fácil compreender que ele sente algo totalmente diferente daquilo que uma pessoa comum que usa a audição sente.

No exemplo que demos antes, o que seria aquela corda vibrante para um hipotético ser de visão “ciclópica” que visse além da estrutura atômica? Na realidade ele veria apenas uma “essência” vibrando. Podemos dizer que a consciência que temos de um fenômeno depende diretamente da natureza do órgão receptor. Vimos que uma corda vibrante, com um determinado tipo de detector como o ouvido, permite a conscientização de som; com outro, o tato, a conscientização da vibração mecânica.

Pelo que estamos mostrando, podemos sentir como é difícil se estabelecer uma definição clássica para o que significa real. Acreditamos efetivamente que só existe uma coisa real no mundo creado: Vibração da essência das coisas; tudo o mais é fruto do tipo de detector que dispusermos. Pelo exemplo anterior podemos dizer que nem o som e nem a sensação táctil são realidades absolutas. Neste fenômeno o que inegavelmente mais se aproxima do real é a vibração.

Ante um evento que detectamos como cor, odor, sabor, som, etc., nada disto é real, são apenas sensações mentais diferentes de uma mesma coisa por captação por órgãos sensoriais diferentes. No exemplo dado antes é som e sensação táctil porque a pessoa só tem dois tipos de órgãos detectores para registrar o evento, mas, se tivesse outros órgãos diferentes do da audição e do tato, por certo uma coisa bem diferente seria conscientizada.

Para uma pessoa que fita o firmamento, o Universo é aquele esplendor de luz registrado pela visão. Ele se apresenta, então, como um amontoado fantástico de pontos luminosos. Enquanto isto, para um astrônomo num telescópio, ele é algo bem maior e muito mais rico em pontos luminosos e, graças à decomposição do espectro da luz com prismas especiais acoplados ao telescópio (espectroscópio) o Universo passa a ser algo bem diferente, pois tudo fica cheio de cores. Usando-se os recursos da fotografia com filmes especiais sensíveis ao infravermelho e ao ultravioleta, o Universo toma um sentido bem diverso apenas por se mudar um tipo de conversor que possibilitou a percepção de freqüências (I.V. e U.V.) antes não assinaladas. Enquanto isso, mesmo o universo para um cego de nascimento não passa de uma coisa que tem calor e solidez sobre o que ele vive e caminha.

Se o mais habilitado dos astrônomos do passado fosse a um observatório e ali visse as análises astronômicas da atualidade feitas por inúmeros aparelhos, se visse os traçados efetivados por um radiotelescópio, etc., por certo ele não reconheceria aquilo como um observatório astronômico. Em vez de uma abóbada repleta de pontos luminosos ele veria um amontoado de papéis, de registros gráficos, de imagens em telas de computadores. Assim sendo, para um radioastrônomo, o universo apresenta-se bem diferente de como se apresenta para um astrônomo ótico. Para um, uma miríade de luzes, e, para o outro, uma sucessão de riscos gráficos e sons com os quais ele mentalmente constrói um modelo mental, ou um computador monta uma imagem. Num observatório astronômico moderno há registros de corpos que só são detectados por ondas de Raios X, por radiações gama, etc. Assim sendo há um universo “inexistente” sensorialmente, pois diretamente não é detectado nenhum daqueles corpos que o são pelos sistemas citados. Na verdade o universo não é esse modelo que vemos, nem sequer aquele que um astrônomo ótico vê, nem aquele que um radioastrônomo registra, e por certo nem mesmo o que vier a ser percebido por outros sistemas.

Agora pensemos qual seria a conceituação de universo para as diferentes categorias de astrônomos se não houvesse um consenso entre as especialidades, se não ocorressem deduções comparativas de leis que regem os vários ramos especializados? Por certo a opinião dos diferentes tipos de astrônomos seria totalmente diferente.

Um objeto qualquer só é reconhecido como tal, como sendo uma mesma coisa por diferentes pessoas, se estas forem dotadas de órgãos receptores semelhantes. Assim sendo, um determinado objeto, por mais usual que seja, seria de difícil reconhecimento à primeira vista para alguém que, de um minuto para outro, fosse agraciado com mais sentidos físicos novos, capazes de interceptar outras irradiações. A conscientização requereria deduções mentais para uma identificação precisa, pois todas as características de um determinado objeto seriam diferentes.

Sabemos que as serpentes percebem os seres vivos graças a um órgão situado na fosseta loral (órgão sensorial especial daqueles répteis). Naquele ponto a onda infravermelha do calor animal é convertida em percepção pelo cérebro. Assim a serpente percebe, de uma forma totalmente diferente da visão, os seres vivos, onde não é possível a percepção humana detectar. A exata sensação decorrente daquela percepção é algo inconcebível para nós humanos. Para um ser humano que fosse dotado de um órgão semelhante àquele, qual seria a imagem mental de outro ser humano que ele observasse? Detectando os raios infravermelhos do corpo a imagem seria bem diferente, pois haveria um halo de irradiação em torno da imagem visualizada que se estenderia por um espaço amplo, interpenetrando-se com outros halos, numa situação que nos é impossível sentir.

Com o exemplo acima consideramos apenas o acréscimo de um órgão, e então indagamos: o que ocorreria se fossem vários órgãos com diferentes capacidades?

Pensemos agora na imagem mental criada por um cachorro que dispõe de um órgão olfativo altamente desenvolvido.

Para um biólogo é fácil pensar nas inúmeras possibilidades das diferentes espécies no campo das percepções.

A maior parte dos animais não tem visão binocular – que forma uma só imagem pelos dois olhos – e, portanto, não conta com a visão de profundidade – em 3 dimensões – e as imagens conseqüentemente são planas. Também a grande maioria deles não dispõe da visão colorida, portanto só isto basta para eles terem um mundo em preto e branco, portanto bem diferente do mundo colorido visto pelos seres humanos. Para um ser humano uma paisagem parece algo bem mais completo, desde que os olhos humanos possuem detectores especiais para a visão em cores. Somente por dispor desses detectores aptos para certos comprimentos de ondas na faixa das cores a imagem já é conscientizada de forma diferente daquela como é feita pelos animais.

Pensemos um pouco como são as percepções visuais dos seres aquáticos, que vivem em baixo da água onde ocorrem todos os tipos possíveis de refrações luminosas. É fácil se perceber que lá as formas das coisas têm aspectos completamente distorcidos como resultado da refração luminosa. No reino animal existem seres que são cegos, que não têm órgão da visão, como certos peixes que vivem em cavernas, como os que têm a visão atrofiada que em nada contribui para eles perceberem as coisas, mas que, em compensação, são dotados de uma excepcional acuidade de outros órgãos.

Conhece-se bem um órgão sensorial de que os morcegos são dotados. Trata-se de um órgão que emite um som de alta frequência que, ao incidir sobre um obstáculo, é refletido e detectado pelo ouvido que dispõe de acuidade adequada para isto. É uma espécie de radar. Certos cetáceos emitem e percebem ultrassons, micro-ondas e coisas assim. Pensem no como se apresenta o mundo para eles.

Os olhos das moscas e de outros insetos são compostos, são milhares de olhos independentes, cada um deles captando uma imagem própria. Assim chegam ao cérebro simultaneamente imagens múltiplas de uma mesma coisa. Vale pensar como deve ser o aspecto das coisas para aqueles insetos. Certamente algo verdadeiramente fantástico e absurdamente diferente daquela imagem que se forma no cérebro humano quando vê o mesmo objeto. Evidentemente se num determinado momento o ser humano ficasse dotado daquele tipo de olhos, por certo ele não reconheceria nada daquilo que antes lhe era habitual, tudo tomaria outras formas, características especiais e bem diversas daquelas que os olhos humanos fornecem ao cérebro.

Existem insetos que dispõem de órgãos olfativos tão precisos que sentem odores de coisas que estão muitos quilômetros distantes.

Podemos dizer que no universo as formas de percepções são infinitamente numerosas.

As pessoas têm uma tendência a transportar para outros seres, para outros reinos, os valores da percepção humana. O que ainda é pior, eles pensam que os seres de outras formas de existência têm as mesmas formas de perceber as coisas. Um espírito percebe tudo de forma absolutamente diferente, pois ele não tem órgãos sensoriais, portanto tem outras formas de perceber as coisas. Reconhece as coisas porque, sendo dotado de razão, pode estabelecer parâmetros e formular conceitos que permitem o estabelecimento de conclusões. Acontece como no exemplo dos diferentes sistemas astronômicos que fazem análises das observações e chegam a um consenso comum quanto ao aspecto do firmamento que cada um “vê” de uma forma especial. Um espírito que viveu na terra forma uma imagem mental que equivale a uma percepção, mas o que eles “veem” realmente é algo inconcebível para nós. Por experiência mística podemos dizer que há uma sensação de visão e de audição, mas são sensações já devidamente elaboradas pela mente espiritual. Também numa experiência mística há percepções de natureza totalmente diferente daquelas que se fazem presentes através dos órgãos físicos.

Só o que acabamos de dizer basta para termos que reformular tudo o que se tem escrito e dito a respeito do mundo espiritual. Muitas das imagens mentais são como que “montagens” cerebrais, estruturações segundo conceitos que se tem das coisas.

Após estas considerações, nos detenhamos um pouco e pensemos como um mesmo ambiente se modifica de uma forma quase que absoluta pela modificação dos órgãos detectores. Qual é realmente o aspecto das coisas? – Por certo não é qualquer um daqueles visualizados pelos diferentes seres. Aquilo que parece a realidade para um deles em verdade não o é para outro.

Um outro ponto que não deve ser deixado à margem nesta palestra diz respeito ao pensamento atual da Física Quântica. Quando se estuda o sentido de REALIDADE precisa-se considerar o PRINCÍPIO DA INDETERMINAÇÃO DE HEISENBERG (1901-1976). Segundo esse princípio há um limite teórico para a precisão, uma vez que não se pode medir simultaneamente e com absoluta precisão a posição e a quantidade de movimento de qualquer objeto no universo. Segundo o Princípio da Incerteza de Heisenberg, observar é perturbar. Evidentemente que muitos pensam que o Universo existe independentemente do observador, mas isto não é verdade, porque o simples fato de se observar é o bastante para se modificar aquilo que é observado.

Só é possível se fotografar a trajetória de uma partícula subatômica porque a iluminação necessária para o registro fotográfico do evento, um fóton, foi de encontro à partícula, mas aquele “encontro” inevitavelmente acarreta alteração da verdadeira posição da partícula, consequentemente aquilo que ficou registrado não corresponde mais à posição da partícula e sim à posição que ela tomou depois de ser atingida pelo fóton.

Outro ponto que merece apreciação diz respeito ao fato da matéria, por mais densa que seja, só representa uma aparência, porque na intimidade de suas moléculas as partículas estão “girando” num vórtice incrível. Como consequência nenhuma imagem de qualquer objeto é a mesma quando ele é visto duas vezes seguidas; por menor que seja o intervalo de tempo considerado, o arranjo interno daquilo que é observado já se modificou de forma imensa. Macroscopicamente parece que a coisa é a mesma, mas, submicroscopicamente, tudo já se modificou. Numa fração ínfima de tempo, por exemplo, um milionésimo de segundo, ou bem menos, já é o suficiente para que o objeto em evidência haja se transformado subatomicamente. A disposição íntima de suas partículas que turbilhonam incessantemente já é outra. A cada fração ínfima de tempo as partículas já não ocupam a posição exata de antes. Isto a nível grosseiro das percepções sensoriais não tem significação alguma, mas em nível de cálculos de física nuclear deve merecer atenção pela grande importância que têm.

Quando se fala de objeto pensa-se logo em estabilidade, numa estrutura estável, mas no mais sólido dos sólidos tudo está se alterando com uma velocidade incrível, mas, como isto ocorre num ritmo fantástico, os sentidos físicos imperfeitos não registram as mudanças. Graças a isso é que naquele objeto parece não estar havendo alterações, quando na verdade no objeto estão ocorrendo alterações em dois níveis, um de grande velocidade e outro extremamente lento. (Nas palestras seguintes nos aprofundaremos nisto.)

De todos estes comentários acreditamos que, tanto quanto estamos convictos, nada daquilo que percebemos de alguma coisa é realmente aquilo que julgamos ser. Temos consciência de que aquilo que percebemos das coisas é apenas a soma de algumas frequências vibratórias e não de todas elas que só assim revelariam o que a coisa é na realidade. Desta feita, nunca estamos detectando absolutamente o tudo de alguma coisa.

Construímos a realidade de algo por aquilo que examinamos segundo o que detectamos parcialmente pelos órgãos que dispomos, e por dispositivos especiais que criamos, para efetivar uma conversão de frequência em outras que possam originar percepções cerebrais.

Para limitar ainda mais a realidade das coisas há outro fator tremendamente significativo, que diz respeito a fatos ligados às reações psicológicas de quem faz uma observação.

Sabemos que várias pessoas que observam algo simultaneamente nunca são unânimes nas conclusões. É muito comum duas pessoas observarem uma mesma coisa e, como consequência de estados psicológicos diversos, terem consciência de coisas diferentes. São inúmeros os exemplos citados nos tratados de psicologia. 

Pessoas com alterações fisiológicas e bioquímicas podem apresentar condições que resultam em diferentes graus de conscientização diferentes de um mesmo fenômeno, como é o caso do daltonismo, em que o órgão visual é incapaz de perceber a cor verde, percebendo apenas certa tonalidade de vermelho. Assim sendo o mundo para ele é diferente do mundo para as pessoas não acometidas daquela alteração visual.

Se, por exemplo, dispuséssemos daquele órgão das serpentes que lhes faculta perceber os raios infravermelhos, um objeto qualquer, quando fosse visto à noite e quando fosse visto durante o dia, seria completamente diferente nas duas observações. Diferente porque o calor diurno faria com que ele emitisse maior quantidade de infravermelho, em conseqüência o aspecto daquilo que é observado tomaria um aspecto diferente. Na verdade haveria grande diferença entre uma observação feita à noite e outra feita durante o dia.

Quem nos acompanhou nesta palestra compreende agora algumas das razões que levaram os pensadores a duvidarem de tudo, de só terem certeza da incerteza. No tempo de Descartes não havia ainda sido feito um estudo profundo das vibrações. Desconhecia-se quase tudo a respeito do Universo e especialmente de que tudo aquilo que o constitui é tão somente manifestações vibratórias.

Para terminar, assinalemos que apenas um conceito se enquadra na definição de REALIDADE. Tudo no mundo creado é o resultado de algum nível de vibração de uma “essência” primeva, consequentemente as únicas realidades existentes no Universo são: UM MEIO ESSENCIAL EM VIBRAÇÃO, de natureza passiva e que pode ser representada graficamente como uma das pontas de um triângulo, e outra condição que sabemos ser capaz de fazer vibrar aquele primeiro elemento, e que pode ser representado pela segunda ponta do triângulo. Finalmente da interação entre aquelas duas polaridades resulta a terceira ponta do triângulo, que é a manifestação de tudo aquilo que existe, porém de uma forma dinâmica que jamais poderá ser concretizada como “a coisa em si”. As três realidades únicas do Cosmos que citamos são elemento constitutivo da natureza do Poder Superior, por isto pode-se dizer:

A ÚNICA REALIDADE ABSOLUTA EXISTENTE
É O PODER SUPERIOR, TUDO MAIS É RELATIVO E IRREAL.