PEREGRINI SANTIAGO
Tema 297
2014 - 3367
"O LIMITE equivale à própria existência, mas, em Essência, está 'além' dela".
— P.
O LIMITE delimita as coisas e eventos, ele, por assim dizer, é o elemento cósmico fundamental para a consolidação da própria existência, em todos os seus níveis, os quais se dividem, grosso modo, em quantificáveis-localizáveis e abstratos-inextensos.
No primeiro caso, na ilusão dualista, facilmente identificamos o limite entre as coisas (pedras, mesas, arvores, etc.), pois se apresentam concretamente aos seres, com medidas e localizações identificáveis. No segundo caso, porém, é mais difícil, talvez impossível, precisarmos os limites, pois envolvem estados e qualidades, não envolvem coisas. Assim, por exemplo, o limite que separa os estados sentimentais "amor" e "covardia" ou "admiração" e "tédio" não podem ser objetivamente reduzidos e identificados como "coisas", "objetos". Nesse caso, seus limites são exclusivamente conceituais e mesmo sensoriais para a percepção, compreensão, interpretação e sensação do ser. O limite, por ser justamente o elemento cósmico que separa as coisas, eventos e seres, pode ser considerado como condição sine qua non para a manifestação do Universo em geral, para a atuação dos seres e presença de objetos.
Na aparente constituição e dinâmica relacional das coisas e eventos, mas num nível de mais amplitude perceptiva, o limite eclode pelos cruzamentos entre os pontos de ressonância entre as cordas unidimensionais vibráteis[1], o que, quando conceitualmente percebido e sentido pelo ser, nele manifesta miríades de imagens-conteúdo possíveis de organização intelectual. Logo, o limite eclode a todo o momento, na maioria das vezes em patamares perceptivos abaixo do limiar do olhar mental do ser humano encarnado e em estado de vigília, sobretudo. Como a percepção da mente não consegue identificar cada microlimite dos pontos de ressonância subjacente aos objetos vistos, então, a aparência dos mesmos se apresenta mais estável, dando a ilusão de "concretude e objetividade". Então, podemos afirmar igualmente que a percepção do limite é proporcional ao nível de acesso perceptivo-mental as relações entre os pontos ressonantes das cordas cósmicas. Quanto maior for a agudeza da percepção, mais o limite se reduz em sua expressão material, energética e conceitual. Mais ele se apresenta de formas diferentes.
A plenitude da subjetividade do limite advém da natureza cósmico-mental da creação, a qual, mantida pelo Querer Cósmico Superior, se plasma como UMa ilimitada rede orgânica de unidades psíquicas aparentemente descontínuas, cuja existência, em FASE 3 para o intelecto, ou seja, no nível da percepção semântica diante do objeto, apresenta-se diversamente em função da associação inter-espacial entre os limites estruturados pelo olhar e pelo conceito. Nessa associação, o perceber e o conceituar não apenas legitimam a presença do limite em inúmeras manifestações, mas também reforçam a ilusão da objetividade da existência, obliterando crenças insuspeitas na separatividade entre as coisas.
Em essência, o limite não é racionalizável, porquanto é infinitamente divisível em seus desdobramentos, portanto, é eternamente inextenso, inespacial, imponderável. Podemos também afirmar que outras condições abstratas como a "paz", o "querer" e uma "lei natural" não apresentam igualmente limites, pelo menos quanto à acepção genérica ligada à delimitação descontinua e espacial de "contornos". No Universo, que é Mental, tanto as coisas as condições são, portanto, abstratas e conceituais. Contudo, para a ilusão da mente concreta, existem objetos extensos e eventos/abstrações não-quanticáveis, de maneira que, nesses termos, didaticamente podemos afirmar que existem limites objetivos e subjetivos, sendo esses últimos também considerados como não-limites para o intelecto racional.
-------
[1] A este respeito, ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_das_supercordas