JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO — F.R.C.
Tema 691
Tema 691
1997 - 3350
"Não deveis procurar a Deus pela meditação, mas pelo vosso modo de viver."
— Thoth.
Na realidade, o Hermes, ao que se refere o Hermetismo, diz respeito a Thoth, e não àquele mencionado na Mitologia Grega.
Thoth, ou Tehuti, é citado em grande número de documentos do Antigo Egito, e por diversos outros nomes em diferentes culturas. Na civilização grega era Hermes; na romana, Mercúrio; na maia, Quetzalcoatl; na Atlântida, Chiquitet ou Khan; e outros.
Agora voltamos a falar de Thoth, desde que estaremos iniciando uma série de palestras sobre os ensinamentos daquele ser considerado Divino. Thoth é apresentado nos desenhos do Antigo Egito como a figura de Íbis, um pássaro grande integrante da fauna do Nilo.
Os Egípcios associavam o bico encurvado e longo da íbis com a lua. Por sua vez o íbis era, segundo a crendice popular, considerado um dos representantes terrestres de Thoth.
Segundo a mitologia egípcia, Thoth era o deus da lua, o deus de sabedoria, o medidor do tempo, e o inventor do sistema de escrita, criador dos hieróglifos e do sistema de numeração. Foi ele quem instituiu o padrão de 365 dias no ano.
Tido como o mais eficaz dos escribas de toda a civilização egípcia, segundo alguns, escreveu cerca de cem mil manuscritos.
A imagem de Thoth era apresentada tendo sobre a cabeça uma gravura simbólica, composta pelo disco do Sol e o crescente da Lua.
Nas inscrições egípcias e nas lendas, consta que o conhecimento de Thoth era imenso, e que chegou a ter a capacidade de calcular e medir os céus e até mesmo fora Ele Quem planejou. Creditou-se-lhe o papel de criador inventor da astronomia, astrologia, botânica, geometria e agrimensura da terra; alem de ser também.
Existem muitas versões para o nome de Thoth. Em hieróglifo o seu nome é Tehuti, cujo significado literal é “Ele Quem Equilibra”. Outras vezes é mencionado como Khufu, nome que os gregos traduziam por Cheops.
De acordo com um historiador do terceiro século, Manetho, Khufu era um ser de uma estirpe diferente das pessoas comuns. É escrito nos textos antigos que Cheops/Kufu também escreveu o livro Gênesis, que posteriormente foi compilado de forma modificada, e passou a integrar o Pentateuco do Antigo Testamento.
Thoth era o Deus do equilíbrio, por isso, nas gravuras, era apresentado como “Mestre da Balança”, o que indicava estar ele associado com os equinócios – o tempo quando o dia e a noite são equilibrados.
Thoth representou um papel crucial nas designações e orientação de templos e zigurates. Era um escriba, moralista, mensageiro e o mágico supremo. Considerado o deus protetor de todas as artes, ciências e produções intelectuais.
Como escriba, nas gravuras, está representado na presença de Osíris, no julgamento das almas. Egípcios antigos acreditaram que, antes de o morto poder entrar no Além, o seu coração era pesado na presença de Osíris, tendo como comparação o peso de uma pena, cujo resultado, enquanto escriba, Thoth anotava criteriosamente os resultados de cada julgamento. Assinalava se aquele que estava sendo pesado havia ou não se conduzido bem, se tivera uma vida digna e honrada.
Na atualidade Hermes é chamado Trismegisto, o que significa três vezes grande, ou três vezes sublime. Era tríplice em três sentidos religioso, científico e artístico. Religião, ciênciae arte formam nele um triangulo equilátero. Também lhe cabe o nome Trismegisto por haver sido mestre na civilização Lemuriana, Atlanta e Ariana.
Os Sumérios e outros povos da Mesopotâmia adoravam deidades lunares virtualmente idênticas a Thoth. A Lua Deus, da Suméria, denominada Sin, tal como Thoth era aquela encarregada de medir a passagem de tempo.
O Texto Hermético chamado o Kore Kosmou, escrito no Antigo Egito, em Alexandria, citaThoth como “O Todo Astuto”, desde que entendia de todas as coisas.
Parte dos ensinamentos de Thoth foi gravada em pedra, especialmente aquilo que ele preservava do domínio público, principalmente os símbolos sagrados dos elementos cósmicos. Diz-se que Thoth (Hermes) entendia de todos os mistérios dos céus, parte dos quais deixou inscritos em livros sagrados, os quais deixou escondido. Tais escritos deveriam ser procurados pelas gerações futuras, os quais somente aqueles que forem merecedores têm acesso. Estes livros sagrados são frequentemente chamados de “Os 42 Livros de Instruções” ou “Os 42 Livros de Thoth”, que trazem os mais elevados conhecimentos. Ali, entre um imenso cabedal de instruções de como alcançar a imortalidade, há conhecimentos capazes de conduzir a pessoa à imortalidade, constituindo-se isso a base da Alquimia Hermética[1]. Apenas uma pequena parte desse trabalho de Hermes foi encontrada até a presente data, mas dizem que grande parte dos escritos sagrados está guardada nas pirâmides. Parte desse conhecimento, dos quais derivou a Alquimia, foram achados dentro do “Corredor de Registros”, embaixo da Esfinge, no Egito. “Lendas” falam de imagens sagradas esculpidas ao longo das passagens de parede de pedra, que conduzem para uma câmara mais divina, que contudo as “chaves” para a decifração das mensagens somente no momento preciso serão reveladas para a humanidade. As primeiras raças da doutrina do ovo primordial, onde toda a vida começou, podem ser autenticadas nos Textos de Pirâmide, onde uma união com a íbis Thoth acontece na área pantanosa do Delta. Os Textos de Pirâmide eram uma coleção de orações mortuárias egípcias, hinos e feitiços, e pretenderam proteger um rei morto ou rainha, e assegurar vida e alimento no futuro.
Alguns textos herméticos foram inscritos nas paredes das câmaras internas da pirâmide de Quara da 5ª e 6ª Dinastia, no período compreendido entre 2686 a.C. e 2160 a.C. Aqueles escritos são os mais antigos escritos funerários. Consta neles que Thoth tivera uma esposa de nome de Ma’at, que significa “Verdade”, “Justiça”, mas não se sabe se isso tem sentido simbólico ou não. O que se sabe é que Ma’at, “verdade”, era representada como uma mulher alta com uma pena de avestruz no cabelo, e que estava presente no julgamento do morto. Era exatamente aquela pena que era pesada contra o coração do morto.
Desde os primórdios da civilização do Egito, os direitos civis eram assegurados pela “Lei de Ma’at” , deixada por Thoth. Tratava essencialmente de uma série de velhas concepções e normas morais. Qualquer lei que fosse contrária à Lei de Ma’at não era considerada válida no Egito. Também era conhecida pelo nome de Nehemaut ou Sophia.
De acordo com uma muito velha tradição maçônica, o deus egípcio Thoth deixou para a humanidade os principais conhecimentos da arte da arquitetura, havendo sido transmitidos à humanidade depois do dilúvio. De acordo com os ensinamentos de Thoth, a Grande Pirâmide é construída seguindo as proporções geométricas do corpo humano. Em defesa dessa afirmativa, diz-se que, da mesma maneira como um clarividente percebe no corpo humano uma espiral negro-clara, espirais de branco-luz semelhantes também podem ser visualizadas por sensitivos saindo da Grande Pirâmide. Existe uma “lenda” dizendo que uma dessas espirais passava exatamente por uma das extremidades do sarcófago que está na Câmara de Reis, mas que um diretor do Departamento de Antiguidades egípcias mandou deslocar o sarcófago de sua posição original, por causa de coisas estranhas que as visitas tinham por hábito colocar no sarcófago, desde que adquiriam virtudes inusitadas.
Essa propriedade foi descrita por Hermes e no período do Antigo Egito. O iniciando deitava-se no sarcófago, de tal modo que uma coluna de energia criada pela espiral de branco-luz atravessava a sua cabeça. Então o iniciando podia assim unificar a sua consciência com a espiral de branco-luz, e assim ser projetado em elevadíssimo nível de consciência. Depois de três dias e meio, o iniciado era retirado do sarcófago, e trazido para a Câmara da Rainha, onde outra coluna de energia diferente ajudava a estabilizar a parte de trás, um terço da objetiva. Nesse processo ocorria uma troca, uma transmutação, ao nível de consciência de 1/3 da consciência objetiva humana por igual quantidade de Consciência Crística. Assim manifestava-se no iniciado certo nível da Consciência de Cristo nascia, já então um iniciado vivenciava a partir de então cerca de um do Cristo-consciência. Diz Hermes: “Quando a consciência objetiva retrocede, nasce a sabedoria”. A ciência que desperta essa sabedoria é o segundo aspecto hermético da sublimidade.[2]
Afirma Hermes que esse mesmo tipo de troca é idêntico ao que o gênero humano experimentará durante a ascensão planetária.
Embora falem da sabedoria de Hermes escrita em cem mil manuscritos – em grande parte destruída no incêndio da Biblioteca de Alexandria – na realidade, como diz J. van Rijckenborgh, “A sabedoria hermética não se conteria em todos os livros do mundo! Pois essa sabedoria é livre de todo o saber tradicional”. Trata-se da Sabedoria Universal, que não está escrita em livro algum, mas a qual o buscador sincero facilmente tem acesso, pois existe para que o ser humano possa usá-la, e com ela escapar do mundo dialético que o aprisiona.
Qualquer pessoa pode recebê-la diretamente do seu próprio PIMANDRO.
-------
[1] Na palestra 642, falamos da Alquimia Contemplativa, e dissemos que a Grande Obra consiste na transmutação da própria natureza material do corpo físico em um corpo energético, aparente. Portanto, trata-se de uma transubstanciação.
[2] Hermes deixou em seus escritos os meios do buscador chegar a essa condição, contudo um nível de ampliação das portas das percepções, se a pessoa não estiver devidamente preparada, facilmente pende para o lado negativo, por isso tais ensinamentos somente são concedidos àquele que provar ser merecedor. Nessa fase, que algumas doutrinas chamam de Fase de Ascensão Planetária, o número destas pessoas sofrerá um sensível aumento.
Esse processo na Gnosis é simbolicamente achado na passagem da Gruta de Belém ao Gólgota. Isto significa o nascimento com um determinado nível (Nascimento de Jesus) até o nível de Consciência Crística (Gólgota – crucificação).