JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO - F.R.C.
Tema 358
1995 - 3348
“Onde
vives? Pergunta o possível ao
impossível
e esse responde: nos sonhos
...”
— Rabindranath Tagore.
Quando a
pessoa adormece, dizem algumas doutrinas, há um desligamento parcial entre o
espirito e o corpo. Assim sendo o espírito como que viaja para lugares
distantes. Na realidade ele não viaja, o que ocorre é uma projeção mental para
além do lugar e tempo onde está o corpo físico.
O ponto focal da consciência pode se manifestar em qualquer nível
Cósmico. Via de regra ele se manifesta onde está o corpo físico, mas isso numa
pessoa encarnada. Já dissemos na série de palestras sobre os corpos
intermediários que a consciência se manifesta no derradeiro dos corpos
intermediários. Numa pessoa encarnada ele se manifesta evidentemente ao nível
do corpo físico dando até mesmo a impressão de que ela se situa no cérebro.
Numa pessoa em que haja anulação do corpo físico (por desencarne, anestesia,
traumatismos com perda das percepções) ela pode se manifestar num outro nível,
num outro corpo astral.
Mas, não é
somente nas condições citadas que a pessoa toma ciência dos afloramentos
da consciência em outros níveis. Muitas vezes uma projeção desse tipo
ocorre espontaneamente.
Tornar-se
ciente num ponto afastado é necessário que a pessoa altere a sua vibração.
Existem alguns métodos que possibilitam isso e que são ensinadas por algumas
doutrinas.
Carlos
Castañeda menciona com frequência aos ensinamentos de Dom Juan referentes às
condições que o “feiticeiro” atinge através de deslocamentos daquilo que ele
chama de Ponto de
Aglutinação. Diz ele que é pelo deslocamento daquele ponto que os diversos
níveis de consciência se manifestam.. Isto é verdade e veremos alguns detalhes
que julgamos importantes no desenvolvimento espiritual.
Primeiramente
queremos lembrar que em nível orgânico, em nível corporal, existe no cérebro um
ponto correspondente à qualquer função. Tudo tem o seu lugar representativo no
cérebro. Se, por exemplo, for estimulado o ponto da visão a pessoa terá
sensação de luz, de cor e assim por diante. Também a acupuntura e reflexologia
afirmam que no nariz, nas orelhas e nas plantas dos pés estão representados
todos os pontos do corpo e que se um daqueles pontos for estimulado haverá uma
resposta correspondente à função inerente a ele.
No corpo
bioplasmático há um ponto energético representativo de cada nível de
consciência. Assim sendo, atuando-se sobre o ponto energético (ponto de
convergência) obtém-se um determinado estado de consciência. Portanto,
deslocando-se o ponto energético (ponto de aglutinação citado por Carlos
Castañeda) o nível de percepção aflora num outro nível.[1]
“Assim
como é em cima é embaixo”, portanto, todas as coisas que existem num nível
existem em a sua representação nos demais níveis. Assim, existem pontos
representativos de todo o universo em todos os planos.
Estimulando-se
(o que equivale a fazer mudar de lugar) o ponto energético correspondente aos
níveis de consciência é possível se projetar a consciência para N níveis.
Na realidade o que varia são os métodos de como agir sobre ponto energético
segundo o que se pretende obter.
Experiências
fisiológicas mostram que estímulo exercido sobre pontos cerebrais obtém-se
inumares respostas psíquicas e sensoriais. Por exemplo, se um determinado ponto
do cérebro for estimulado mecanicamente a pessoa pode ter sensação tão real que
é incapaz de perceber ser aquilo algo não real provocado por um estimulo
mecânico. Por esse tipo de experiência é possível a pessoa sentir odores,
perceber formas, cores, sensações auditivas e mesmo estados se cólera e de
tranqüilidade, sensações eróticas, etc.
Se, por
exemplo, for estimulado um ponto correspondente a um odor a pessoa sentirá
aquele odor de forma não fácil de concluir ser ele provocado por algo real ou
simplesmente ser resultante de um estímulo mecânico cerebral. Agora vale
um outro ensinamento. Se aquele ponto em vez de ser levemente estimulado o for
com intensidade está sujeito a ocorrer um dano com resultado definitivo, algo
que passa a agir de forma perene e assim a pessoa jamais deixaria de sentir
aquele odor. Isto é valido para qualquer outro tipo de sensação.
O que descrevemos sucintamente sobre estímulos presta-se bem para o
entendimento do que ocorre com referência ao ponto energético. Ao ser
estimulado o ponto de convergência ( = ponto de aglutinação ) a pessoa vivencia
uma outra realidade, quer em espaço, quer em tempo. Na realidade
não é um deslocamento do ponto energético. Uma pessoa que tenha a capacidade de
perceber o corpo energético vê aquele ponto de confluência nas diferentes
situações. Vê que ele como que muda de posição dentro do campo energético. Na
realidade ele não muda de lugar, na realidade podemos dizer que isso é só
aparente, há deslocamento real do ponto de convergência energética e sim níveis
de vibrações que dão uma sensação, pois o que se percebe realmente é a
alteração vibratória. Um nível vibratório corresponde a um estado de
consciência, uma vibração diferente corresponde a uma outra realidade e assim
sucessivamente. No nível em que o ponto energético estiver vibrando ali está a
consciência da pessoa.
Não é raro
ter-se percepções de outros níveis de percepção e de registros de memória.
Isto em dado momento aflora parcialmente durante o sono e no estado de vigília
é assinalado como um sonho...
Acontece
que os sonhos não são claros exatamente porque as percepções ocorridas durante
o sono são conscientizadas fragmentariamente, afloram segmentos de percepções
de situações diferentes misturados. Esta é uma das razões pelas quais os sonhos
são alheios aos princípios que regem o pensamento lógico. Via de regra, eles
violentam a lógica, a começar pela relação espaço tempo. Estas duas condições
têm conotação totalmente diversa daquelas que ocorrem no estado de
vigília.
Mas não
são apenas “viagens” que participam na elaboração dos sonhos. Quando uma
pessoa adormece, ela praticamente está no mundo astral e todas as condições que
já estudamos a respeito do astral se tornam presentes. Aquelas situações são
rememoradas quando a pessoa volta ao estado de vigília e então tem a sensação
de haver tido um sonho. Assim uma pessoa através dos estado de sono ter
acesso a diferentes níveis astrais que ela em ciência como se fosse um sonho.
Num estado
de sonho a pessoa pode ter acesso a níveis com escala espaço/tempo totalmente
diversa e assim em certas condições pode ter acesso aos registros do tempo e
colher eventos ainda por acontecerem no mundo objetivo. Neste caso, são os
sonhos premonitórios.
Por meio
dos sonhos premonitórios é que muitas profecias são feitas. O futuro já está
registrado no tempo, ou como preferem chamar os orientais, nos registros
akáshicos. Aqueles registros podem ser consultados e assim sendo uma consulta
aos registros do tempo pode aflorar parcialmente constituindo exatamente
um sonho.
No estado
de sonho a mente de uma pessoa adormecida comporta-se num nível abaixo
daquele que ocorre no estado de vigília, muito embora as experiências que ocorrem num sonho sejam muito mais elásticas desde que no estado de vigília há um enorme condicionamento físico da mente enquanto
que no estado onírico a barreia imposta pelo corpo físico é muito menor.
Embora menor, a clareza de percepção é menor do que no estado de vigília.
Como veremos depois, o nível de percepção num sonho pode ser de qualquer
nível superior, porque o estar ou não sonhando não indica o nível de percepção em si, mas sim um estado psico-fisiológico.
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[1] Temos
evidenciado que a compreensão sobre o ponto de aglutinação citado seguidamente
por Carlos Castañeda tem sido de difícil compreensão para muitos leitores
daquele autor. Na realidade, o ponto de aglutinação é um ponto de
confluência, situado no corpo energético, dos distintos níveis de energia
psíquica inerente aos estados de percepção da pessoa.